Mesmo com recuo de Israel, deputada americana desiste de viagem ao país
Rashida Tlaib foi autorizada a ver família na Cisjordânia, mas ela diz que condições impostas por Israel são opressivas
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Após proibição, Israel voltou atrás e decidiu nesta sexta (16) permitir que a congressista norte-americana Rashida Tlaib —crítica da política israelense em relação aos palestinos— visitasse sua família na Cisjordânia, por razões humanitárias.
Mas após a liberação ela também mudou de ideia e afirmou em uma rede social que não fará a visita sob as "condições opressivas" impostas por Israel.
O país havia proibido a entrada da deputada democrata de Michigan na quinta (15), após ser pressionado por Donald Trump. O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, também barrou a deputada Ilhan Omar, de Minnesota, de entrar no país.
Elas são as primeiras mulheres muçulmanas eleitas para o Congresso americano, e Tlaib é a primeira congressista palestina-americana. Elas também fazem parte do grupo conhecido como "o esquadrão", formado por congressistas democratas de esquerda e que se tornou um dos principais alvos do presidente americano.
Tlaib, 43, tem parentes no vilarejo de Beit Ur Al-Fauqa, na Cisjordânia, onde vivem sua avó e parte de sua família.
Netanyahu disse que se Tlaib enviasse um pedido para visitar a família por motivos humanitários, Israel consideraria a solicitação desde que ela prometesse não promover um boicote contra o país.
"Visitar a minha avó sob essas condições opressoras vai contra tudo o que eu acredito", escreveu Tlaib em uma rede social. "Silenciar-me e tratar-me como uma criminosa não é o que ela quer para mim", completou, em relação à sua avó. "Isto mataria um pedaço dela."
Após desistir da viagem, Tlaib também chamou de "racistas" as políticas de Israel em relação aos palestinos.
Trump criticou a decisão da deputada e elogiou a posição do governo de Netanyahu. "Assim que ela recebeu permissão [de viajar], ela se exibiu e gritou que não iria visitar Israel. Será que isso é uma armação? Israel agiu corretamente", escreveu ele em uma rede social.
Responsável por aprovar a viagem, o ministro do Interior israelense, Aryeh Deri, também reclamou de Tlaib. "No fim, era uma provocação para envergonhar Israel. Seu ódio por Israel ultrapassa seu amor por sua avó", disse ele.
O jornal The Washington Post encontrou com Muftiyah Tlaib, a avó da congressista, que vive desde 1974 no mesmo vilarejo da Cisjordânia —de sua casa se vê um assentamento israelense com forte presença militar.
"Ela está em um alto cargo e não pode visitar sua avó", disse ao repórter do jornal, rindo. "Então, quão boa é esta posição?" Caso ela encontrasse com a neta nos próximos dias, seria a primeira vez que ambas se reuniriam desde 2007.
Quando o jornalista a questionou sobre os ataques de Donald Trump à sua neta, ela desviou da pergunta: "Eu não o conheço. E não me importo."
Muftiyah disse também que segue a carreira da neta, de longe. "A vi na TV ontem! Ela estava mais bonita do que nunca."
Rashida Tlaib e Ilhan Omar apoiam o movimento BDS (boicote, desinvestimento e sanções), que protesta contra o tratamento de Israel aos palestinos e vem encontrando, nos últimos anos, apoio crescente na Europa e nos Estados Unidos. Sob a lei israelense, os defensores do BDS podem ser impedidos de entrar em Israel.
Tlaib enviou uma carta ao Ministério do Interior de Israel na quinta-feira pedindo permissão para visitar parentes, incluindo sua avó, que tem 90 anos. Segundo a congressista, essa pode ser sua última oportunidade de vê-la.
No seu pedido, divulgado pelo site Ynet e outros meios de comunicação israelenses, ela havia dito que respeitaria quaisquer restrições e que não promoveria boicotes à Israel durante a visita.
A liberação da visita foi confirmada pelo Ministério do Interior de Israel.
Israel tinha inicialmente escolhido permitir a visita, mas mudou de rumo na quinta-feira depois que Trump pediu a seu aliado para não deixá-las entrar.
"Não há país no mundo que respeite os EUA e seu Congresso mais do que Israel. Como uma democracia livre e vibrante, Israel é aberto aos críticos e às críticas, com uma exceção: a lei israelense proíbe a entrada daqueles que pedem e trabalham para impor boicotes a Israel", disse o premiê israelense em um comunicado.
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