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Descrição de chapéu Governo Trump

Trump minimiza retirada de militares americanos da Síria e diz que curdos 'não são anjos'

Em carta a Erdogan antes da ofensiva, presidente pediu que o turco não fosse 'um cara durão'

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São Paulo

Donald Trump voltou a praticar o jogo que mais gosta: morde e assopra.

Nesta quarta (16), em mais uma mensagem cruzada, o presidente dos EUA disse que tentará resolver os problemas com a Turquia por conta dos ataques contra os curdos na Síria. Mas, caso o diálogo não dê certo, ele alerta que as sanções americanas serão devastadoras

Ao lado do presidente italiano, Sergio Mattarella, que caprichou na cara de paisagem enquanto Trump falava à imprensa sobre tudo, menos sobre a Itália, o líder americano afirmou acreditar que a reunião de seu vice em Ancara "será um sucesso".

Donald Trump durante entrevista coletiva ao lado do presidente da Itália, Sergio Mattarella, em Washington - Olivier Douliery/AFP

Trump está na defensiva desde que anunciou, na semana passada, a retirada das forças militares dos EUA do norte Síria, onde apoiava as forças curdas no combate à facção terrorista Estado Islâmico (EI).

A decisão, encarada como uma traição, abriu espaço para a invasão turca. O objetivo da operação é criar uma "zona de segurança" ao longo da fronteira para realocar parte dos 3,6 milhões de refugiados sírios que vivem na Turquia.

Ainda que tenha ordenado a retirada militar que possibilitou a ação turca, Trump disse nesta quarta que não deu a Erdogan "luz verde" para entrar na Síria.

Depois, numa nova mensagem cruzada, afirmou que "os curdos não são anjos" e que o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) é "provavelmente uma ameaça maior, em muitos aspectos, do que o EI".

Uma carta revelada nesta quarta, datada de 9 de outubro, portanto antes da ação turca, mostra que Trump tentou convencer Erdogan a não realizar a operação.

No texto, cuja autenticidade foi confirmada pela Casa Branca, o líder americano pede que o turco considere a via da negociação para não ser responsabilizado pela morte de milhares de pessoas no futuro. E escreve: "E eu não quero ser responsabilizado por destruir a economia turca —e o farei".

Trump diz ainda que mandatário será bem visto pela história se resolver o problema "de forma humana". "E a história vai vê-lo para sempre como o diabo se coisas boas não acontecerem".

Por fim, pede a Erdogan para que ele "não seja um cara durão" nem um "tolo" e termina com "te ligo mais tarde".

A reação às declarações de Trump veio na sequência. A Câmara dos Representantes dos EUA votou em massa contra a retirada dos militares da Síria.

A resolução que condena a decisão do presidente foi aprovada por 354 votos a 60, com dezenas de republicanos se juntando à maioria dos democratas —um sinal ruim em meio ao inquérito de impeachment contra Trump.

A presidente da Casa, Nancy Pelosi, disse que, devido ao resultado da votação, uma reunião dos líderes democratas na Casa Branca teve de ser interrompida após o presidente ter sofrido o que ela definiu como "colapso".

"Acho que essa votação provavelmente pegou o presidente. Porque ele ficou abalado", disse a repórteres. "E é por isso que não pudemos continuar a reunião. Ele simplesmente não estava relacionado à realidade."

Pelosi disse também que o republicano não soube reagir quando foi pressionado a apresentar um plano de combate ao EI e pediu ainda que rezassem pela saúde do presidente.

Kevin McCarthy, líder republicano na Câmara, classificou as declarações de Pelosi como inapropriadas. Já o senador Chuck Schumer, que também esteve no encontro na Casa Branca, disse que Trump chamou a presidente da Câmara de "político de terceira categoria".

Trump decidiu enviar a Ancara o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, e o secretário de Estado, Mike Pompeo, para se encontrar com Erdogan nesta quinta (17) e tentar convencê-lo a negociar um cessar-fogo.

Erdogan viajará a Moscou no dia 22 para uma reunião com Vladimir Putin, que enviou tropas ao norte da Síria, ocupando o vácuo deixado pelo Exército americano. O objetivo do movimento do presidente russo, segundo ele, é evitar confrontos entre forças turcas e do regime sírio.

Ancara descartou negociar com combatentes curdos e exigiu que eles se retirem da "zona de segurança" designada por Erdogan, ignorando assim o pedido de cessar-fogo dos Estados Unidos.

Em sete dias de ação, 72 civis foram mortos, assim como 185 combatentes das Forças Democráticas da Síria (SDF) e 164 militantes pró-Turquia, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

Já Ancara afirma que seis soldados foram mortos, além de outros 20 civis devido a disparos de foguetes de curdos contra cidades turcas. A ofensiva já provocou o êxodo de 160 mil pessoas no norte da Síria, de acordo com a ONU.

Com Reuters

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