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Vídeos alterados são maior ameaça à segurança digital em 2020, aponta relatório

Técnica conhecida como deep fake pode ser usada tanto para manipular eleições quanto para roubar dinheiro

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São Paulo

As eleições americanas, as ações de grandes empresas e até o saque do FGTS no Brasil: tudo isso pode ser alvo, em 2020, de uma técnica recente que combina notícias falsas, produção de vídeos e inteligência artificial

Os chamados deep fakes são uma das maiores ameaças à segurança digital em todo o mundo no próximo ano, de acordo com relatório da empresa americana de cibersegurança McAfee divulgado nesta quinta-feira (5). 

Vídeo criado pelo artista britânico Bill Posters manipula fala de Mark Zuckerberg, do Facebook, usando inteligência artificial - Reprodução

A técnica consiste em utilizar inteligência artificial e machine learning (aprendizado de máquina) para alterar um vídeo, fazendo com que uma pessoa diga algo que ela não disse. A alteração é quase imperceptível a olho nu.

“Deep fakes podem se transformar em armas para intensificar a guerra de informação”, afirma no relatório o diretor-chefe de tecnologia da empresa, Steve Grobman. 

Segundo ele, a prática deve aumentar ainda mais a quantidade de notícias falsas e de desinformação na internet.

E, embora seja um problema global, a questão deve se intensificar durante períodos eleitorais, diz à Folha o porta-voz da McAfee no Brasil, Flávio Elizalde —os Estados Unidos vão escolher seu novo presidente em novembro de 2020, e o Brasil terá pleitos municipais em outubro. 

“Se pensarmos em Estados-nações tentando manipular eleições, usar deep fakes para manipular a audiência faz todo o sentido. Adversários vão tentar criar rachaduras e divisões na sociedade”, diz Grobman.  

Para chegar a essa conclusão, a McAfee usou os dados de mais de 500 milhões de computadores pelo mundo que utilizam seus programas, analisou as ameaças mais comuns na internet e pesquisou as tendências debatidas em fóruns e outros locais da rede. 

O maior problema, de acordo com os técnicos que participaram do estudo, é que está cada vez mais fácil e barato criar deep fakes. 

Se antes era preciso de conhecimento técnico específico, atualmente já existem sites que aplicam a estratégia de maneira automática —basta que o autor coloque o vídeo e o áudio que quer ver combinados, e o deep fake é gerado. 

Assim, afirma o relatório, centenas de milhares de criminosos devem ter acesso no próximo ano a essa técnica no mundo.

Vídeos falsos podem ser criados, por exemplo, para deturpar declarações de executivos de grandes companhias, mexendo com o preço das ações.

Também deve se tornar cada vez mais comum que pessoas sejam alvos de golpes que usam a técnica —já existem casos de criminosos que criaram notícias falsas sobre o resgate do FGTS para roubar o dinheiro do fundo, por exemplo. 

A isso se soma mais uma dificuldade: imagens geradas a partir do uso cada vez mais comuns de reconhecimento facial podem ser utilizadas para aprimorar os vídeos falsos. 

Para combater o problema, diz Elizalde, não adianta recorrer a programas específicos ou especialistas na área.

A recomendação dele é bastante simples: não se pode acreditar em tudo que se vê na internet. “Isso não tem nada a ver com segurança digital, tem a ver com bom senso.”

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