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Descrição de chapéu Brexit

Relatório aponta falha do Reino Unido em descobrir se Rússia interferiu na votação do brexit

Governo de Boris Johnson recusa pedido de investigação mais detalhada do episódio

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Elizabeth Piper William James
Londres | Reuters

O governo britânico falhou em descobrir se a Rússia interferiu no referendo do brexit —a saída do Reino Unido da União Europeia (UE)—, apontou um relatório divulgado nesta terça-feira (21) pelo Parlamento, para quem os serviços de inteligência do país deveriam investigar o caso.

Segundo o aguardado documento produzido pelo comitê de inteligência e segurança da Casa, a Rússia tentou influenciar um referendo separatista em 2014, quando os escoceses rejeitaram a independência.

Esse comitê, no entanto, não conseguiu determinar se Moscou tentou influir na votação que detonou o processo de saída do Reino Unido do bloco europeu.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, durante encontro com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em Londres - Hannah McKay/AFP

Quando questionada sobre evidências de que haveria intromissão russa no referendo de 2016, a principal agência de inteligência do Reino Unido, o MI5, produziu apenas seis linhas de texto, afirmou o órgão do Parlamento no relatório produzido há mais de um ano e arquivado até agora.

O governo do primeiro-ministro Boris Johnson, que chegou ao poder como uma das figuras de proeminência na campanha pela saída da UE, rejeitou o pedido de uma investigação mais detalhada do episódio. Um porta-voz do premiê disse que ele está confiante de que o resultado do referendo foi justo.

O relatório descreve a Rússia como uma potência hostil e ameaça importante para o Reino Unido e ao Ocidente em diferentes fronts, de espionagem e interferência em eleições a lavagem de dinheiro.

"Parece que a Rússia considera o Reino Unido um dos principais alvos ocidentais de inteligência", aponta o documento, que também registra indicações de que o país tentou interferir na campanha pelo brexit, ainda que não tenha encontrado provas concretas para tal.

"O ponto principal é que eles [o governo] não procuraram nem fazer essa pergunta, e isso está no coração deste relatório", disse Stewart Hosie, do Partido Nacional Escocês e membro do comitê.

O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab, rejeitou as acusações de que o governo evitou apurar o envolvimento russo no processo. "Há muito tempo reconhecemos a ameaça duradoura e significativa representada pela Rússia", disse ele.

Moscou repetidamente nega interferência no Ocidente, classificando as acusações de EUA e Reino Unido como histeria antiRússia. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, chamou o documento do Parlamento de "russofobia em um contexto falso".

As relações entre Londres e Moscou foram fortemente abaladas após o Reino Unido culpar a Rússia por envenenar o ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha Yulia na cidade inglesa de Salisbury.

Na semana passada, o governo britânico disse acreditar que agentes russos tentaram se intrometer nas eleições gerais do ano passado, realizadas após a produção do relatório publicado nesta terça-feira.

Ao discutir o referendo do brexit, o documento apresenta diversos trechos suprimidos, e havia um anexo sigiloso que não foi publicado.

O comitê também considera a Rússia uma fonte de dinheiro sujo que vem sendo bem recebido em Londres. "O Reino Unido recebeu com agrado o dinheiro russo, e poucas perguntas —se existiram— foram feitas sobre a proveniência dessa riqueza considerável."

"O Reino Unido tem sido visto como destino favorável para oligarcas russos e seu dinheiro", acrescenta. "O país ofereceu mecanismos ideais pelos quais as finanças ilícitas poderiam ser recicladas por meio do que foi chamado de 'lavanderia' de Londres."

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