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Facebook e Instagram vão banir Trump ao menos até fim do mandato, anuncia Mark Zuckerberg

Após invasão do Capitólio, executivo afirma que presença do republicano na plataforma traria 'riscos grandes demais'

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BAURU (SP)

O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou nesta quinta-feira (7) que as contas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na plataforma e no Instagram serão banidas pelo menos durante as duas semanas até a cerimônia de posse do democrata Joe Biden, programada para 20 de janeiro.

"Acreditamos que os riscos de permitir que o presidente continue a usar nossos serviços durante este período são grandes demais", disse Zuckerberg em um comunicado publicado no próprio Facebook.

A decisão ocorre após a invasão do Capitólio nesta quarta-feira (6) durante a sessão conjunta entre deputados e senadores para a certificação da vitória de Biden. Insuflados por Trump, que fez um comício em Washington horas antes do ataque, vândalos entraram no prédio que sedia o Congresso americano.

Ao menos quatro pessoas morreram durante o episódio, incluindo uma veterana da Força Aérea apoiadora de Trump, baleada por um agente da polícia do Capitólio.

O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, durante audiência no Congresso dos EUA, em Washington - Erin Scott - 23.out.19/Reuters

"Os eventos chocantes das últimas 24 horas demonstram claramente que o presidente Donald Trump pretende usar seu tempo restante no cargo para minar a transição pacífica e legal de poder para seu sucessor eleito, Joe Biden", afirma Zuckerberg em sua declaração.

Alegando risco de violência, o Facebook já havia removido na quarta um vídeo do republicano no qual ele pedia aos manifestantes que fossem para casa mas reafirmava falsamente que o pleito foi fraudado.

O mesmo conteúdo também recebeu alertas antes de ser removido pelo Twitter, que excluiu ainda uma publicação em que Trump dizia que o vice-presidente Mike Pence "não teve a coragem de fazer o que deveria ter sido feito" para proteger os EUA e sua Constituição.

Trump pressionou seu vice diversas vezes para rejeitar os votos do Colégio Eleitoral, embora Pence não tenha autoridade legal para anular, unilateralmente, os resultados que confirmaram a vitória de Biden.

No comunicado em que anunciou o banimento do presidente americano, Zuckerberg afirmou ainda que o Facebook vinha permitindo que Trump usasse a rede social de acordo com as regras da plataforma, embora em algumas ocasiões tenha achado necessário adicionar alertas em alguns conteúdos.

"Fizemos isso porque acreditamos que o público tem direito ao mais amplo acesso ao discurso político, mesmo ao discurso polêmico. Mas o contexto atual é fundamentalmente diferente, envolvendo o uso de nossa plataforma para incitar uma insurreição violenta contra um governo eleito democraticamente."

Após a invasão, a sessão de certificação da vitória de Biden foi interrompida até que forças de segurança pudessem declarar o Capitólio seguro novamente. Na retomada da sessão, horas depois, cumpriu-se a última etapa antes da posse no dia 20, quando Trump terá que deixar oficialmente a Casa Branca.

Depois que Câmara e Senado rejeitaram com folga as duas contestações apresentadas por um pequeno grupo de congressistas republicanos, Biden foi mais uma vez declarado eleito. Ao final da sessão, o governo Trump divulgou um comunicado em que o presidente se compromete, enfim, com uma "transição ordeira", embora ele tenha reiterado a narrativa sem evidências de que o pleito foi fraudado.

O comunicado foi publicado no Twitter por meio do perfil de Dan Scavino, diretor de redes sociais da Casa Branca, uma vez que a conta de Trump também foi temporariamente bloqueada.

A plataforma de streaming de games Twitch, adquirida pela Amazon em 2014, também anunciou o banimento da conta do republicano ao menos até o fim de seu mandato.

​“Dadas as atuais circunstâncias extraordinárias e a retórica incendiária do presidente, acreditamos que esse é um passo necessário para proteger nossa comunidade e evitar que a Twitch seja usada como plataforma para incitar ainda mais violência”, disse um representante da empresa em nota nesta.

Nesta quinta-feira, horas antes do anúncio da decisão do Facebook, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, criticou o bloqueio temporário das redes sociais de Trump. "Pode ver: ontem, nos EUA, bloquearam o Trump nas mídias sociais. Um presidente eleito, ainda presidente, tem suas mídias bloqueadas", disse Bolsonaro, depois de aproveitar a repercussão do ataque inédito à democracia americana para repetir, sem provas, as suspeitas que costuma propagar sobre a votação eletrônica brasileira —modelo diferente do adotado nos EUA, onde o voto é facultativo e depositado por meio de cédulas de papel.

"Se nós não tivermos o voto impresso em 2022, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos", disse ele a apoiadores.

Com discurso semelhante, Andrés Manuel López Obrador, presidente do México, também se posicionou contra o que chamou de "censura" das redes sociais, embora não tenha mencionado Trump.

"Algo que não gostei ontem nos negócios do Capitólio. Não gosto de censura”, disse AMLO, como é conhecido o líder mexicano. “Não gosto que ninguém seja censurado e perca o direito de mandar uma mensagem no Twitter ou no Facebook", completou.

Assim como Bolsonaro, Obrador também foi alvo de críticas por não condenar publicamente os ataques à democracia americana —algo que lideranças de diversos países fizeram rapidamente.

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