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Descrição de chapéu África

Cardeal cotado para primeiro papa africano em 1.500 anos apresenta renúncia

Peter Turkson lidera setor ligado ao desenvolvimento humano no Vaticano; Francisco ainda não disse se aceita saída

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Cidade do Vaticano | Reuters

O cardeal Peter Turkson, visto como candidato a se tornar o primeiro papa de origem africana em cerca de 1.500 anos, apresentou sua renúncia da chefia de um departamento do Vaticano, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto à agência de notícias Reuters neste sábado (18).

Turkson, 73, natural de Gana, tem atuado como um dos principais conselheiros do papa Francisco para questões relacionadas à emergência climática e à justiça social e é o único africano a comandar um órgão do Vaticano. O ganense lidera o setor ligado à promoção do desenvolvimento humano integral, estruturado há cinco anos para lidar com assuntos como migração, paz e justiça.

O cardeal Peter Turkson, de Gana, no Vaticano - Vicenzo Pinto - 4.mar.13/AFP

Segundo fontes do Vaticano, que falaram sob condição de anonimato, Francisco ainda não se pronunciou sobre o pedido. Outra fonte informou à Reuters que Turkson, que em dois anos completa a idade em que os bispos precisam, compulsoriamente, aposentar-se, estava farto das disputas internas da igreja.

A saída do cardeal deixaria o Vaticano sem nenhum africano à frente de um departamento importante. O cardeal Robert Sara, da Guiné, que representava o continente no Vaticano ao lado de Turkson, aposentou-se no início deste ano, quando completou 75 anos.

O setor liderado por Turkson passou por uma revisão externa neste ano, a pedido do papa e chefiada pelo cardeal Blase Cupich, de Chicago. As notícias sobre a renúncia chegam após outros dois membros do departamento saírem nos últimos meses, um devido à aposentadoria, outro sem razões claras.

A Igreja Católica teve diversos papas nascidos no Norte da África em sua história. O último, porém, ocupou o posto no século 5. Mesmo que Turkson deixe o cargo, ele poderia, até fazer 80 anos, entrar na disputa para substituir Francisco em caso de morte ou aposentaria, segundo as regras da instituição.

De acordo com informações do blog italiano Messainlatino, que publicou pela primeira vez a informação, o cardeal ganense permaneceria no cargo até o próximo dia 31.

Um dos possíveis nomes cotados para substituí-lo, segundo a Agência Católica de Notícias, é o do cardeal italiano Francesco Montenegro, arcebispo aposentado de Agrigento, na região da Sicília.

O papa Francisco o conheceu durante sua primeira visita à ilha siciliana de Lampedusa, região onde desembarcam muitos imigrantes vindos da África para a Europa, em 2013, e o convidou para se mudar para Roma, ainda que não tenha lhe oferecido um cargo.

O nome de Turkson chegou a ser apontado como um dos favoritos em 2013, quando Francisco foi eleito papa. Campanhas com fotos do religioso africano foram feitas nas ruas, algo incomum, uma vez que os cardeais são proibidos de fazer manifestações do tipo.

Ele também se envolveu em polêmicas após dizer que a África registra menos casos de abuso sexual porque muitos povos do continente reprovam o relacionamento de pessoas do mesmo sexo. Seu nome, então, passou a integrar a lista suja da organização americana Snap (sigla para Rede de Sobreviventes entre os que sofreram Abusos de Padres) de cardeais acusados de compactuar com os abusos.

Turkson nasceu em 1948 em Nsuta-Wassaw, no sul de Gana, e estudou nos seminários de Santa Teresa e de São Pedro. Em 1975, foi designado para a arquidiocese de Cape Coast, capital da região Central.

Estudou em Roma, mas retornou para seu país natal, onde foi arcebispo de Cape Coast, presidente da Conferência dos Bispos Católicos de Gana e da Conferência Episcopal da África Ocidental. Participou do conclave que elegeu o papa Bento 16, em 2005, e do que escolheu Francisco.

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