Papa critica cultura do cancelamento; 'cerceia liberdade de expressão e tenta reescrever história'
Para Francisco, corre-se o risco de 'anular a identidade sob pretexto de defender a diversidade'
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O papa Francisco criticou nesta segunda (10) a cultura do cancelamento, condenando o "pensamento unilateral" que, segundo ele, tenta negar ou reescrever a história de acordo com os padrões atuais.
Francisco fez os comentários em um discurso a diplomatas de mais de 180 países, no qual condenou a "desinformação ideológica infundada" sobre as vacinas contra a Covid, manifestou apoio às campanhas nacionais de imunização e disse que os cuidados de saúde são uma obrigação moral.
No mês passado, o número dois do Vaticano, o secretário de Estado cardeal Pietro Parolin, expressou preocupação com um rascunho do manual de comunicação da União Europeia que sugeria não usar o termo Natal. O documento, que a Igreja Católica enxergou como uma tentativa de "cancelar" as raízes cristãs da Europa, foi posteriormente retirado para revisão pelo bloco europeu.
Nesta segunda, o papa alertou para "uma forma de colonização ideológica, que cerceia a liberdade de expressão e toma a forma da cultura do cancelamento, invadindo círculos e instituições públicas".
Ele usou a expressão em inglês, "cancel culture", no meio do discurso em italiano, afirmando que corre-se o risco de "anular a identidade sob o pretexto de defender a diversidade" e dizendo que uma espécie de "pensamento único" está se formando, negando a história ou obrigando a reescrevê-la nos termos atuais.
A controvérsia da cultura do cancelamento é particularmente aguda nos países de língua inglesa, como os EUA e o Reino Unido. Entre os americanos, houve conflitos sobre a remoção de estátuas de figuras históricas ou sobre a mudança dos nomes de instituições como escolas e hospitais que homenageiam personalidades que desempenharam um papel na destruição dos povos nativos americanos.
Embora o papa não tenha mencionado nenhum exemplo específico, ele disse que qualquer situação histórica deve ser interpretada no contexto de sua época, não pelos padrões de hoje.
Francisco também falou da crise de confiança na diplomacia multilateral, que afirma ter levado a "agendas cada vez mais ditadas por uma mentalidade que rejeita os fundamentos naturais da humanidade e as raízes culturais que constituem a identidade de muitos povos".
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