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Na véspera de uma reunião com Ucrânia, Alemanha e França para buscar uma saída para o conflito com Kiev, a Rússia anunciou uma nova rodada de manobras militares que ameaçam fronteiras de seu vizinho.
Assim, haverá de forma concomitante três exercícios com tropas e aviões ocorrendo em flancos distintos da Ucrânia, reforçando o lembrete do presidente russo, Vladimir Putin, acerca do que ele poderia fazer para impor sua vontade de deixar Kiev fora das estruturas militares do Ocidente.
Putin busca uma solução para a guerra civil iniciada em 2014, quando um golpe tirou o governo pró-Kremlin do poder e levou a Rússia a anexar a Crimeia e a fomentar o conflito no Donbass, no leste do país.
Cerca de 14 mil pessoas já morreram, e o caráter inconcluso da questão escamoteia o interesse agora deixado claro por Moscou: evitar que tropas da Otan se aproximem ainda mais de sua fronteira —hoje, isso ocorre na ínfima faixa entre a Rússia e os três Estados Bálticos, todos ex-repúblicas soviéticas admitidas em 2004 na aliança militar ocidental.
A reunião que ocorrerá em Paris vai reeditar o formato que desenhou os dois acordos de cessar-fogo do Donbass, em Minsk, na Belarus, em 2014 e 2015. Por eles, haveria autonomia aos secessionistas no leste, mas controle de Kiev. A elite ucraniana por fim não topou os termos.
O encontro será em nível diplomático. O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que falará ao telefone com Putin na sexta (28) para "esclarecer" as intenções russas.
Enquanto isso, o Ministério da Defesa russo disse que 6.000 soldados e 60 aviões foram posicionados para exercícios de ataque a longa distância na Crimeia e ao longo da fronteira oeste com a Ucrânia. Já estão em curso ações conjuntas com a aliada Belarus, ao norte de Kiev.
Uma olhada no mapa explicita a questão, com as forças russas cercando toda a porção leste da Ucrânia. No caso das aeronaves, chama a atenção o uso de caças-bombardeiros táticos Su-34, um avião especializado em ataques a solo sob condições hostis, algo que já foi visto em ação na Síria.
Haverá também exercícios com tiro real na Crimeia, com tanques modernizados T-72B3 da Frota do Mar Negro. Ao todo, estão mobilizados de 100 mil a 175 mil militares em diversas regiões com acesso à Ucrânia, um processo que começou em novembro. Putin nega que planeje uma invasão, total ou parcial, apesar dos sinais e das advertências ocidentais. A Otan, que só defenderia automaticamente a Ucrânia se ela fosse um membro efetivo do clube, reforçou posições de forma simbólica.
Já o presidente americano, Joe Biden, teve de explicar que a mobilização de 8.500 soldados para eventual envio à Europa não inclui planos de colocá-los na Ucrânia, como de resto seria óbvio. Mas o burburinho que já afeta o mercado financeiro demandou um esclarecimento por parte da Casa Branca.
De olho em um efeito colateral econômico —a dúvida acerca do fornecimento de gás russo para a Europa, onde 40% do consumido vem do país de Putin—, os EUA também pediram que o Kremlin não usasse o produto "como uma arma". Além disso, prometeram ajudar os europeus a encontrar fontes alternativas de gás e de petróleo caso o líder russo feche as torneiras na eventualidade de uma guerra.
Os EUA deverão enviar a Moscou respostas por escrito às demandas russas, que incluem controle de armamentos e verificação de exercícios militares mútuos. Sob Donald Trump, Washington deixou 2 dos 3 tratados de contenção de armas nucleares em vigor com a Rússia, elevando suspeitas no Kremlin.
Nesta terça, um avião com produtos militares americanos desembarcou em Kiev, parte de um pacote de ajuda de US$ 200 milhões ofertado pelos EUA ao governo, com mísseis antitanque Javelin à sua frente.
Na Ucrânia, com informes de que novas embaixadas de países da Otan, como o Canadá, seguiram os EUA e pediram para as famílias dos seus funcionários deixarem Kiev, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, chamou cadeia nacional de rádio e TV para dizer que o movimento não significa guerra iminente.
"Não há ilusões infantis, as coisas não são simples, mas há esperança", disse.
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