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Justiça de Israel suspende despejos de famílias palestinas em Sheikh Jarrah

Em 2021, protestos contra desocupações no bairro levaram a conflito de 11 dias entre Israel e Hamas

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São Paulo

A Suprema Corte de Israel decidiu nesta terça-feira (1º) suspender o despejo de quatro famílias palestinas moradoras do bairro de Sheikh Jarrah, no leste de Jerusalém.

A decisão reconhece as famílias como "inquilinos protegidos" e define um aluguel simbólico, de 2.400 shekels (cerca de R$ 3.800), que será revertido a um fundo posteriormente revertido para quem vencer a disputa pela propriedade da terra —essa ação não tem prazo para terminar e ainda pode demorar anos, segundo especialistas.

Famílias palestinas em julgamento sobre o processo, em agosto de 2021 - Ahmad Gharabli - 2.ago.21/AFP

Há quatro meses, as mesmas famílias rejeitaram um acordo semelhante proposto pela corte. Por esse texto, elas permaneceriam em Sheikh Jarrah, mas reconheceriam não ter propriedades dos lotes e teriam de pagar aluguel para associações de colonos judeus.

Um dos argumentos dos palestinos para não aceitar esse acordo anterior foi o de que os despejos eram parte de uma estratégia israelense mais ampla para expulsar a população de origem árabe da porção leste de Jerusalém.

Outras famílias foram expulsas da região em anos anteriores, e algumas ainda enfrentam processos de despejo em Sheikh Jarrah que não tiveram a mesma deliberação da corte máxima do país.

A disputa em torno da propriedade de lotes no bairro existe há décadas e remonta às trocas de controle de Jerusalém Oriental, capturada da Jordânia por Israel em 1967 —a anexação foi condenada e duramente criticada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Antes disso, o conflito que se seguiu à criação do Estado de Israel, em 1948, havia dado à Jordânia o controle do território. Em meados da década de 1950, o governo jordaniano construiu casas para refugiados palestinos que deixaram o território que se tornou Israel naquele momento.

O imbróglio passa pela permissão da lei israelense a judeus reivindicarem o direito de propriedade de terras em Jerusalém Oriental, caso consigam provar que sua família morava lá antes da guerra de 1948. Esse direito não é assegurado a palestinos.

Em maio do ano passado, protestos de milhares de árabes-israelenses e palestinos contra as ações de desocupação dos imóveis por Israel escalou e deixou centenas de feridos em confrontos com as forças policiais.

Em alguns regiões do país, o governo decretou estado de emergência para conter os levantes, que transbordaram para outras cidades, para a Cisjordânia (onde confrontos deixaram ao menos 11 mortos) e para a Faixa de Gaza.

De Gaza, o Hamas, que controla a região e é considerado um grupo terrorista por Israel, disparou foguetes em território israelense. As ações foram revidadas por Tel Aviv e, por 11 dias, bombardeios se seguiram nos dois sentidos.

O conflito terminou com um cessar-fogo e um saldo de mais de 240 mortos —a grande maioria palestinos—, incluindo 130 civis.

Os ataques de Israel deixaram mais de 1.900 feridos, destruíram estradas, prédios e outras estruturas, o que agravou a escassez de alimentos, água potável e remédios, aumentou o risco de disseminação de Covid-19 em um momento em que a pandemia seguia em alta e forçou mais de 90 mil palestinos a deixarem suas casas.

Com Reuters

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