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Testemunhas de massacre acusam polícia de demora para conter atirador no Texas

Familiares das vítimas dizem que agressor ficou 40 minutos dentro de escola antes de ser morto

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São Paulo

Testemunhas do massacre em uma escola de ensino fundamental de Uvalde, no Texas, reclamaram nesta quinta (26) do que consideram uma demora da polícia para neutralizar o atirador. Salvador Ramos, 18, teria ficado dentro da instituição por ao menos 40 minutos antes de ser morto por agentes de segurança.

O ataque matou a tiros 19 crianças e dois adultos. "Havia ao menos 40 agentes da lei armados até os dentes, mas não fizeram nada até que foi tarde demais", disse Jacinto Cazares à rede ABC News. Ele contou que correu até a escola quando soube do ataque e encontrou sua filha Jacklyn morta.

Cruzes de madeira com os nomes das vítimas foram fincadas do lado de fora da escola no Texas - Allison Dinner/AFP

"A situação poderia ter terminado rapidamente se [os agentes de segurança] tivessem um melhor treinamento tático. Nós, como comunidade, fomos testemunhas de primeira mão."

Parentes dizem ter suplicado aos agentes, sem sucesso, para que entrassem na escola e impedissem o massacre. Daniel Myers e sua esposa, Matilda, ambos pastores locais, disseram à agência AFP que viram como os pais ficaram desesperados enquanto a polícia aguardava reforço antes de entrar no prédio.

"[Os pais] estavam dispostos a entrar [na escola]. Uma pessoa disse: 'Estive no Exército, só me dê uma arma e eu vou entrar. Não vou hesitar'", contou Myers.

Raul Ortiz, chefe da Patrulha de Fronteira dos EUA, nega que os policiais tenham hesitado. "Eles montaram um plano. Entraram naquela sala e cuidaram da situação o mais rápido que puderam", disse à CNN.

Autoridades afirmam que o atirador, que vestia proteção à prova de bala, em um primeiro momento trocou tiros com um dos agentes, mas conseguiu escapar. Depois, entrou em uma sala de aula e montou uma barricada. Os guardas retiraram o máximo possível de alunos, inclusive quebrando janelas da escola.

Depois do ataque, um memorial foi improvisado do lado de fora da escola Robb com cruzes de madeira e os nomes das vítimas. Dora Mendoza foi uma das pessoas que compareceram ao local para homenagear as vítimas. Sua neta Amerie Garza, 10, foi assassinada.

"[As autoridades] devem fazer algo. Por favor, não se esqueçam das crianças. Eu imploro que escutem", disse ela. "[Amerie] era uma garota inocente que gostava da escola e estava ansiosa para o verão. Minha alma dói porque não poderei mais vê-la."

Também nesta quinta, Joe Garcia, 50, marido de Irma Garcia, uma das professoras assassinadas durante o ataque, morreu após sofrer um ataque cardíaco. A informação foi divulgada pelo sobrinho da mulher nas redes sociais. "O marido da minha tia Irma morreu devido ao luto. Por favor, rezem pela nossa família", escreveu John Martinez nas redes sociais.

De acordo com o jornal The New York Times, Garcia visitou o memorial em homenagem às vítimas nesta quinta para deixar flores. Ele estava casado com Irma havia 24 anos e tinha quatro filhos.

A mãe do agressor, Adriana Reyes, disse à rede ABC News que seu filho ficava agressivo quando sentia raiva, mas que "não era um monstro". "Todos nós sentimos raiva", afirmou, acrescentando desconhecer a informação de que seu filho havia comprado armas.

Uma professora que estava na escola e falou com a emissora NBC sob condição de anonimato disse que seus alunos estavam assistindo a um filme da Disney para celebrar o fim do ano letivo, que terminaria nesta quinta, no momento em que ouviram os tiros no corredor.

Ela pediu às crianças que se protegessem debaixo das mesas e fechou a porta da sala às pressas. "Eles sabiam que não era um exercício", disse, referindo-se aos chamados exercícios de tiro ativo, comuns nas escolas americanas.

O presidente dos EUA, Joe Biden, deve visitar Uvalde no domingo (29) e pediu aos legisladores que enfrentem o que chama de "poderoso lobby das armas" e aprovem "reformas de bom senso em relação às armas". O massacre em Uvalde é considerado o pior numa instituição infantil nos EUA em quase dez anos.

Com Reuters e AFP

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