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Em ação incomum, Bolsonaro inaugura vice-consulado; Itamaraty não detalha custos

Presidente deve aproveitar viagem para encontrar apoiadores em Orlando após Cúpula das Américas

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São Paulo

Depois de conversar com Joe Biden em Los Angeles, na Califórnia, às margens da Cúpula das Américas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) vai cruzar os Estados Unidos para encontrar apoiadores e inaugurar neste sábado (11) um vice-consulado brasileiro em Orlando, na Flórida —um de seus redutos eleitorais no país.

A representação diplomática é uma demanda antiga. Brasileiros que moram na região hoje precisam se deslocar a Miami para o atendimento —de carro, o trajeto é feito em ao menos quatro horas. Diplomatas ouvidos pela reportagem destacam que não é comum um presidente viajar exclusivamente para a inauguração de um vice-consulado, que tem atribuições meramente burocráticas.

Procurado, o Itamaraty não informou qual foi o valor investido para a nova estrutura de Orlando nem quantos funcionários ela terá. O órgão se limitou a enviar uma nota na qual afirma que a representação levará para mais perto dos cidadãos do Brasil serviços consulares fundamentais —documentos de viagem, registros civis e procurações.

O presidente Jair Bolsonaro durante encontro com Joe Biden em Los Angeles, nos EUA - Jim Watson-9.jun.2022/AFP

"Incrementará, ainda, a prestação de assistência consular emergencial às centenas de milhares de turistas brasileiros que visitam a região todos os anos", diz trecho do comunicado. O país tem dez consulados-gerais nos EUA hoje, e o Itamaraty tampouco informou quanto eles custam aos cofres públicos.

A Flórida, com vários parques de diversão, é um dos principais destinos turísticos dos EUA —cerca de 800 mil turistas brasileiros visitavam Miami a cada ano antes da pandemia. Além dos viajantes, o estado americano vem atraindo cada vez mais a diáspora para residência. Já são cerca de 470 mil, dos quais mais de 180 mil moram na região de Orlando.

Reduto de brasileiros, a cidade é uma região importante para as ambições políticas do presidente, que neste ano buscará a reeleição. Em 2018, Bolsonaro conquistou 91% dos votos em Miami no segundo turno disputado contra Fernando Haddad (PT).

Não à toa o presidente deve aproveitar a viagem para se encontrar com apoiadores. A agenda coincide com o 1º Congresso Conservador Brasileiro da Flórida, evento que terá a presença do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos e de Roberto Jefferson, presidente do PTB.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente, chegou a gravar um vídeo de apoio ao encontro, organizado pelo grupo de direita Yes Brazil USA. Bolsonaro concedeu indulto a Silveira após o deputado ter sido condenado a 8 anos e 9 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal —além de multa e perda dos direitos políticos.

O presidente também esteve em Miami em março de 2020. À época, também se encontrou com apoiadores e os incitou contra o sistema eleitoral brasileiro dizendo, sem provas, ter havido fraude no pleito de 2018.

O presidente viajou aos EUA nesta semana na quinta-feira (9), onde participou da Cúpula das Américas em Los Angeles e teve a primeira conversa com o democrata Joe Biden. Ao final do evento, viajaria cerca de 3.500 quilômetros para a inauguração do vice-consulado que, numa primeira fase, processará atestados de vida, registros de nascimento, autorizações de retorno ao Brasil e de viagens de menores, além de concessão de passaporte.

O vice-consulado deve atender um público equivalente a 40% da comunidade brasileira do estado da Flórida. Estima-se que o posto, quando plenamente operacional, produzirá cerca de 9.000 passaportes e quase 3.000 procurações por ano.

Os brasileiros, contudo, continuarão podendo demandar qualquer serviço consular junto ao consulado-geral em Miami, que também ficará responsável pelas áreas de promoção comercial, cultural, de ciência e tecnologia e cooperação acadêmica.

O vice-consulado em Orlando é o primeiro de um pacote de cinco aberturas anunciadas em janeiro pelo Itamaraty. As outras quatro repartições são os consulados-gerais em Marselha (França), Edimburgo (Escócia) e Chengdu (China) e o vice-consulado em Cusco (Peru).

Apesar das divergências entre Bolsonaro e Biden, atenuadas após a reunião bilateral de quinta-feira, as relações de Brasília e Washington diminuíram um pouco de tensão. Os EUA são o segundo maior parceiro comercial brasileiro e a principal origem de investimentos diretos no país.

Colaborou Rafael Balago, de Los Angeles

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