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Descrição de chapéu Governo Biden aborto

Rede que faz aborto nos EUA compartilha dados com gigantes da tecnologia

Informações podem ajudar autoridades na identificação de mulheres que fizeram procedimento

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São Paulo

A Planned Parenthood, organização que oferece serviços para a saúde reprodutiva e realiza abortos nos EUA, pode compartilhar a localização e até detalhes do procedimento para a interrupção da gravidez com empresas de tecnologia, como Google, Facebook e TikTok. As informações são do Washington Post.

A conclusão é da empresa Lockdown Privacy, que desenvolve app para bloquear rastreamento online. O trabalho aponta que o site da ONG não mantém sob sigilo total dados que ajudam na identificação e na formalização de processos contra quem fizer um aborto nos estados em que o procedimento é proibido.

Ativistas pelo direito ao aborto protestam em frente à Suprema Corte, em Washington - Stefani Reynolds/AFP

Podem ser compartilhados, por exemplo, o endereço de IP e o código postal aproximado de quem acessa o site da organização, além do método de aborto escolhido. "Isso foi absolutamente chocante", disse Johnny Lin, fundador do Lockdown Privacy. "Analisamos e revisamos o rastreamento em centenas de aplicativos e sites, e é raro ver esse grau de descuido com dados confidenciais de saúde."

A porta-voz da Planned Parenthood, Lauren Kokum, não respondeu ao Washington Post se a organização pretende rever os procedimentos em resposta às novas proibições para o aborto nos estados americanos nem o motivo para o compartilhamento de informações colhidas nas páginas de agendamento. Ela afirmou que os rastreadores no site são usados para melhorar o desempenho da área de marketing.

Facebook, Google e TikTok não comentaram se atenderiam a eventuais solicitações do governo sobre dados de aborto. A Suprema Corte dos EUA reverteu na semana passada uma decisão de 1973 que garantia o pleno acesso ao aborto no país. A partir de agora, cada estado pode decidir se a interrupção voluntária da gravidez é permitida ou não. A mudança deve afetar especialmente mulheres mais pobres, uma vez que elas têm menos condições para viajar até outro estado onde o procedimento é autorizado.

A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, afirmou que seu partido vai propor uma lei que protege dados confidenciais de usuários de apps de saúde reprodutiva. Além de Pelosi, a deputada Sara Jacobs, também democrata, apresentou no início de junho —portanto antes da decisão da corte— uma proposta para limitar a quantidade de dados de saúde sexual que as empresas podem coletar, manter, utilizar e divulgar.

"Como uma jovem que usa um aplicativo de monitoramento menstrual, recebi muitas mensagens de texto de minhas amigas sobre se deveriam excluir os programas, com o que deveriam se preocupar em termos de seus dados", disse Jacobs após o vazamento do rascunho da decisão do tribunal em relação ao aborto.

Seu projeto de lei, apelidado de "My Body My Data" (meu corpo, meus dados), propõe que empresas só coletem e retenham informações sobre saúde reprodutiva quando elas forem estritamente necessárias para a prestação do serviço ou quando houver consentimento explícito. Isso daria aos usuários o direito de exigir que as informações sejam excluídas ou que as companhias divulguem o uso que fazem delas.

Diferentemente do site da Planned Parenthood, alguns aplicativos de acompanhamento de menstruação e fertilidade estão estudando maneiras de oferecer anonimato aos usuários, em um esforço para protegê-los de ações legais em estados onde o aborto será proibido, de acordo com o site Business Insider. Os dados armazenados na nuvem são de propriedade das empresas, mas elas podem ser intimadas a fornecer informações para que uma mulher suspeita de fazer um aborto seja processada.

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