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Peru volta a rejeitar antecipação de eleições e prorroga crise

Decisão de parlamentares amplia clima de insatisfação social nas ruas, onde atos pedem saída de presidente

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São Paulo

Em mais um capítulo da espiral de crise política que vive o Peru, o Congresso do país sul-americano rejeitou nesta quarta-feira (1º) a proposta para adiantar as eleições gerais para dezembro deste ano.

A demanda é uma entre várias reivindicadas por manifestantes que há semanas vão às ruas. Após debater por cinco horas, 68 parlamentares votaram contra a medida, enquanto 54 a apoiaram e dois se abstiveram. Para que a mudança fosse aprovada, eram necessários 87 votos.

Manifestantes colam fotos na parede durante protesto em Lima - Alessandro Cinque - 31.jan.23/Reuters

O novo rechaço do Congresso peruano vem dias após parlamentares rejeitarem uma outra proposta para antecipar o pleito para outubro. Até aqui, o único aval dado pelo Legislativo peruano foi para que o pleito ocorra em abril de 2024, conforme aprovado em votação em dezembro passado. Originalmente, as eleições no país ocorreriam em 2026, mas tudo mudou após a destituição do ex-presidente Pedro Castillo.

Eleito em 2021 e representante das classes mais populares da nação andina, Castillo liderou um governo de crises, com frequentes reconfigurações ministeriais. Em dezembro, ele ordenou a dissolução do Parlamento, num processo que contrariou os passos e as condições previstos na Carta Magna peruana. Assim, o movimento do agora ex-presidente foi considerado uma tentativa de golpe —ele foi preso.

Desde então, manifestantes de setores campesinos têm ido às ruas para exigir a libertação de Castillo, a saída de Dina Boluarte —a vice do ex-presidente que assumiu o posto após sua saída—, a antecipação das eleições gerais e a abertura de uma Assembleia Constituinte para gestar uma nova Constituição.

Com confrontos frequentes, os atos já deixaram 58 pessoas mortas. E, no último fim de semana, a capital Lima registrou a primeira morte nesse contexto. A negativa à proposta de eleições em dezembro, pleiteada pela Comissão de Constituição, foi em grande parte motivada pela recusa de partidos de esquerda. Os 15 parlamentares do Perú Libre —partido pelo qual Castillo se elegeu— presentes votaram contra.

Como argumento, afirmaram que apoiar uma medida do tipo seria um favor à Dina, que deveria renunciar imediatamente, e que só aceitariam dar um voto a favor caso a medida incluísse uma consulta pública sobre a abertura de uma Assembleia Constituinte. Promulgada em 1993 pelo ditador Alberto Fujimori, a Carta atual é apontada pelos correligionários de Castillo como responsável pela desigualdade no país.

Foi a terceira vez desde o começo da crise que o Congresso negou a antecipação das eleições para 2023. Após a rejeição da proposta, os parlamentares começaram a discutir outro projeto, apresentado pelos partidos de esquerda, que incluía uma consulta para a abertura de uma nova Constituinte. Mas, devido a discussões acaloradas entre os congressistas, a sessão foi suspensa até esta quinta (2).

Pressionada pelas dezenas de mortes e manifestações diárias, Dina tem pedido ao Congresso a antecipação das eleições para tirar o país do que chamou de atoleiro. Paralelamente aos debates no Congresso, os protestos continuaram nesta quarta em várias regiões do país, incluindo a capital Lima.

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