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Sem Dia D

Inexistem soluções rápidas que não tragam o risco de problemas piores na Venezuela

O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence (dir.), e Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela - Diana Sanchez/AFP

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A Venezuela vive um paradoxo: não tem nenhum futuro sob o regime chavista, mas nada garante que o regime sairá de cena num futuro próximo. Enquanto isso, seus habitantes passam por privações sem precedentes em países que não foram arrasados por uma guerra.

A queda do Produto Interno Bruto no último quinquênio beira os 50% —isso se é possível medir com precisão tamanha catástrofe. A inflação anual já se calcula na escala dos milhões de pontos percentuais. Cerca de 10% da população optou por deixar o país, gerando uma crise humanitária na região.

Nunca será demais lembrar que a administração bolivariana produziu sozinha a tragédia, sem a intervenção de exércitos inimigos.

A tentativa da oposição, no sábado (23), de associar a distribuição de alimentos e remédios na fronteira a um movimento de deserção de militares fracassou em quase todos os seus objetivos.

Como o ditador Nicolás Maduro fechou as passagens, os produtos não chegaram à população que deles precisa. Tampouco se materializou uma situação crítica em que os militares teriam de escolher entre fuzilar seus concidadãos e desobedecer a ordens.

O Dia D, que deveria marcar o início da derrocada do regime, serviu para isolar ainda mais Maduro. Entretanto o fiasco enfraqueceu também Juan Guaidó, o autoproclamado presidente interino da Venezuela, que apostara alto na operação.

Ele ainda conta, decerto, com o apoio de parte importante do eleitorado e de meia centena de países ocidentais, mas não parece ter no momento uma estratégia para assumir de fato o poder.

Felizmente, a frustração não deu lugar a planos de intervenção militar estrangeira. Muito adequadamente, o tom das autoridades no encontro do Grupo de Lima na segunda-feira (25) foi de respeito ao princípio da não intervenção.

Guaidó até ensaiou um posicionamento ambíguo, a insinuar que o recurso à força seria bem-vindo, mas logo depois se corrigiu. Já o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, disse que seu governo não descartava nenhuma opção.

Não há motivo, porém, para acreditar que os EUA cogitem seriamente despachar tropas para derrubar Maduro. Além da falta de apoio internacional, todas as decisões recentes relativas a militares americanos no exterior foram no sentido do desengajamento.

Inexistem soluções rápidas que não tragam o risco de problemas piores. Resta a pressão diplomática e o trabalho de persuadir as Forças Armadas venezuelanas a desistir do apoio a um regime insano.

editoriais@grupofolha.com.br

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