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Maratona anti-CPI

Fila de assessores em corredor da Assembleia Legislativa de São Paulo na segunda (18) - Carolina Linhares/Folhapress

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Num estratagema já utilizado em anos anteriores, mas nem por isso menos vexatório, o PSDB conseguiu evitar que a Assembleia Legislativa paulista instalasse uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a Dersa —empresa do estado encarregada da administração de obras rodoviárias e terminais de transporte público.

O interesse em impedir as apurações se explica pelo fato de a oposição ter como alvo principal as acusações de corrupção que envolvem o engenheiro Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da empresa. Paulo Preto, como é conhecido, há muito é apontado como operador financeiro da legenda, que governa São Paulo desde 1995.

No final de fevereiro, o engenheiro foi sentenciado a 27 anos de reclusão. Poucos dias depois, em março, recebeu uma pena de 145 anos e oito meses, também decorrente da Lava Jato. Até então, a operação não havia obtido condenações em São Paulo.

Paulo Preto foi acusado pelo Ministério Público de fraudar licitações e participar da organização de cartel em obras do trecho sul do Rodoanel e de um conjunto de intervenções em avenidas importantes, como a Roberto Marinho e a Cruzeiro do Sul.

Um inquérito parlamentar sobre a Dersa, mesmo que não trouxesse à luz novas revelações de monta, certamente ocasionaria desgaste político para o governador João Doria e expoentes da sigla.

Para evitá-lo, assessores da base tucana revezaram-se numa fila, à espera da abertura da seção de protocolo da Assembleia, por 63 horas, do final da tarde de sexta-feira (15) até as 8h30 da segunda (18).

Pelo regimento da Casa, instauram-se as  CPIs na ordem em que forem protocoladas —e apenas cinco estão autorizadas a funcionar ao mesmo tempo. Cada uma delas tem prazo de três meses de duração, prorrogável por 60 dias. 

Entre fatias de pizza e copos de refrigerantes, os representantes da situação, após a extenuante maratona de revezamento, conseguiram protocolar os pedidos suficientes para evitar o intento oposicionista.

Numa dessas circunstâncias irônicas que a política costuma proporcionar, os dois partidos que obtiveram as assinaturas necessárias para a frustrada tentativa de CPI foram o PT e o PSL, respectivamente de Fernando Haddad e Jair Bolsonaro, rivais implacáveis na mais recente disputa presidencial.

Embora tenha sido um alívio político para Doria e ex-governantes ligados ao PSDB, o bloqueio da CPI da Dersa já não basta mais para ocultar o quadro de malfeitos que se descortinou no estado.

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