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Nova base no gelo

Após destruição de incêndio de 2012, Brasil inaugura instalação na Antártida

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Vista aérea das novas instalações da Estação Comandante Ferraz, base brasileira na Antártida, cujas obras devem estar concluídas no final de março de 2019. As fotos foram tiradas no final de fevereiro. Essa estação substituiu a que pegou fogo em 2012
Vista aérea das novas instalações da Estação Comandante Ferraz, base brasileira na Antártida, cujas obras devem estar concluídas no final de março de 201; imagem é do final de fevereiro de 2019 - Divulgação/Marinha do Brasil

Frustrou-se a expectativa da Marinha e da Secretaria da Comissão Interministerial para Recursos do Mar de inaugurar a nova base brasileira na Antártida, construída por uma estatal chinesa, com a presença do presidente da República.

Na semana inicialmente prevista para a cerimônia, Jair Bolsonaro (PSL) embarcava para os Estados Unidos. Fazia apenas um mês que recebera alta após cirurgia em São Paulo, e as duras condições do continente gelado não pareciam propícias para uma visita da principal autoridade do país.

A ausência não diminui a importância de ver retomada ­—e ampliada— a atuação plena do Brasil no extremo austral do planeta. Ela vinha em meia velocidade desde o incêndio de 2012 na Estação Antártica Comandante Ferraz, que deixou dois militares mortos.

Para evitar uma interrupção completa, a Marinha, responsável pela logística das chamadas Operações Antárticas anuais, providenciou instalações provisórias. A presença permanente e a realização de pesquisa constituem exigências para continuar como um dos 29 membros com direito a voto do Tratado Antártico (1959).

Concurso de arquitetura selecionou um projeto audacioso do Estúdio 41, de Curitiba, para a nova estação. Em concorrência internacional, ficou com a empreitada de US$ 99,6 milhões (cerca de R$ 380 milhões) um conglomerado do governo da China, Ceiec.

Conclui-se agora em março a obra, com atraso de um ano, o que sob as condições inóspitas da ilha Rei George não chega a surpreender. Embora mais próxima da América do Sul do que do polo Sul, só se realizam trabalhos de campo ali no verão austral; no restante do ano, um destacamento da Marinha permanece no local.

Na prática, só o prédio de metal com 4.500 m² foi terminado. Para abrigar 64 militares e pesquisadores, faltam instalações elétricas e hidráulicas para 17 laboratórios.

A verdadeira inauguração deve ocorrer dentro de um ano. Mas é provável que a operação normal da base ocorra só em 2021.

A presença brasileira na Antártida voltará, então, à plena marcha. Ou não: a pesquisa nacional no continente padece historicamente com financiamento errático, por vezes dependente de emendas parlamentares para não soçobrar.

No final de 2018, R$ 18 milhões (menos de 5% do valor da obra) foram autorizados para três anos de manutenção de 17 projetos de pesquisa, mas nada está garantido depois. Se a fonte de recursos não se tornar perene, a vistosa estação poderá começar ociosa em 2021.

editoriais@grupofolha.com.br

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