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Contra o gigante

Oposição à nova lei se transforma em luta sobre a erosão das liberdades civis

Manifestantes participam de ato em Hong Kong no último domingo (16) - Hector Retamal/AFP

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Assumiram proporções colossais as manifestações de rua em Hong Kong contra a lei de extradição proposta pelo governo local.

Nos últimos dias, centenas de milhares de pessoas exigiram o fim do projeto, que permite o envio de suspeitos de crimes para todas as jurisdições com as quais não exista acordo bilateral, incluindo a China continental. Foi o maior protesto popular desde que a ex-colônia britânica foi transferida para Pequim, em 1997.

Mesmo com a vitória obtida com a sinalização de arquivamento do texto, a animosidade permanece. O movimento, que une os mais diversos segmentos da população, incluindo a diocese católica local, pede agora a renúncia da chefe do território semiautônomo, Carrie Lam.

O pretexto inicial das autoridades para a alteração legislativa era a necessidade de enviar um cidadão de Hong Kong para Taiwan, onde ele supostamente matou sua namorada no ano passado. 

Para a população local, trata-se apenas de um subterfúgio do Parlamento, de maioria pró-Pequim, para dar às autoridades chinesas o poder de requerer a extradição de inimigos políticos —ou até de envolvidos em disputas comerciais.

Em última instância, acreditam os opositores do projeto, ele estenderia as rédeas do gigante asiático a Hong Kong e privaria seus moradores da proteção da lei.

Contribui para isso o fato de que veículos de propaganda chineses acusam os manifestantes de conspirar com os inimigos do país no exterior, e que altos funcionários do Partido Comunista em Pequim endossem o diploma.

A mudança se choca com os princípios que presidiram a passagem de Hong Kong para a esfera da China, há duas décadas. O acordo de transição criou a fórmula “um país, dois sistemas”, que garantiu um alto nível de autonomia ao território. 

A submissão da economia ao Estado e a centralização da ditadura chinesa não seriam implantadas na região administrativa especial da ex-colônia por 50 anos, período em que se manteriam o arcabouço democrático e a livre-iniciativa.

Assim, a oposição à nova lei acabou se transformando em uma luta mais ampla sobre a erosão das liberdades civis e ajudou a revitalizar o movimento pró-democracia, reprimido desde a derrota do Movimento Guarda-Chuva, em 2014, que exigia eleições livres.

O impasse formado é delicado. De um lado, os manifestantes mantêm-se inflexíveis em seu propósito. De outro, parece pouco provável que Pequim abdique de tentar aumentar sua influência sobre a próspera ex-colônia britânica.

editoriais@grupofolha.com.br

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