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O sucesso da geringonça

Pragmática, aliança de esquerda obtém êxito econômico e eleitoral em Portugal

O primeiro ministro António Costa, vitorioso nas eleições de Portugal - AFP

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A vitória do primeiro-ministro António Costa nas eleições legislativas de Portugal premiou a inusitada união de siglas de esquerda que, no último quadriênio, teve o mérito de revigorar uma economia combalida pela grave crise financeira da década passada.

Com a apuração das urnas praticamente encerrada, o Partido Socialista conquistou ao menos 106 dos 230 assentos em disputa, um salto de 20 vagas ante o pleito de 2015. 

Ao avanço da esquerda correspondeu um retrocesso das forças de centro-direita, representadas pelo Partido Social Democrata e pela coligação  do Centro Democrático Social com o Partido Popular (CDS-PP) , que elegeram, respectivamente, 77 e 5 parlamentares. Há quatro anos, juntas, as agremiações obtiveram 107 lugares.

Apesar da vitória naquela ocasião, o bloco direitista não conseguiu formar uma maioria para governar. Costa então propôs um arranjo pós-eleitoral inédito, constituído pelo PS, pelos verdes e por outras legendas menores à esquerda —um campo historicamente fragmentado em Portugal.

Embora sem formalizar uma coalizão, o grupo passou a atuar unido nas principais votações —e, por seu caráter insólito, recebeu o epíteto de geringonça. Ao mesmo tempo, Costa manteve acordos pontuais com a oposição, cujos votos atraiu em algumas oportunidades.

Esse entendimento político rendeu frutos vistosos ao país. O premiê implementou uma agenda de ajustes orçamentários que, sem deixar de cumprir as regras da União Europeia, destoou em certos aspectos do receituário ortodoxo.

De um lado, promoveu cortes em investimentos de infraestrutura e outras despesas a fim de reduzir o déficit do governo. De outro, aumentou o salário mínimo e os vencimentos do funcionalismo.

O desemprego caiu de forma consistente, e hoje é de 6,2%. Já o PIB, que no ano passado cresceu 2,1%, apresentou expansão no último quadriênio superior à média da UE.

Tanto Costa como os líderes das outras siglas aliadas manifestaram interesse em reeditar a parceria. Estes, porém, condicionaram o apoio ao PS à implementação de uma série de medidas de cunho social, que inevitavelmente trarão aumento do gasto público.

As exigências podem constituir um percalço nas negociações que ora se iniciam, dado que sua adoção ameaça se chocar com a disciplina fiscal que os socialistas pretendem continuar aplicando.

Não parece prudente, nesse cenário, abandonar o pragmatismo que levou ao sucesso da geringonça.

editoriais@grupofolha.com.br

Erramos: o texto foi alterado

O editorial identificou erroneamente a coligação do Centro Democrático Social com o Partido Popular (CDS-PP) como Coligação Democrática Unitária (CDU). O texto já foi corrigido

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