Siga a folha

Descrição de chapéu

Fora dos trilhos

Projetos ferroviários mal concebidos em SP e em MT agravam o panorama do setor

Trem da nova linha Luz-Cumbica segue seu trajeto praticamente vazio - Nelson Antoine/Folhapress

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

O transporte ferroviário no Brasil padece de muitas mazelas, dentro e fora das cidades. Mesmo nos maiores centros urbanos, há baixíssima cobertura geográfica de modalidades como o metrô e dos veículos leves sobre trilhos, ou VLT.

Fora dos municípios, a malha para o transporte de carga é ultrapassada e limitada. No setor de passageiros, quase inexistente.

Estudo da Confederação Nacional da Indústria mostra que cerca de 30% dos trilhos no país estão inutilizados e que 23% não têm mais condições de operar. Dos 28 mil km da malha ferroviária nacional, 8,6 mil km não estão em uso.

Desde 2001, o fluxo transportado por trens teve crescimento médio anual de 3,8%, mas quase que exclusivamente em razão da expansão do transporte de minério de ferro.

No transporte inter-regional de passageiros, os dois únicos serviços regulares em operação (Vitória-Minas e Carajás) deslocam apenas 1,2 milhão de pessoas por ano. Como comparação, a norte-americana Amtrak atende 32 milhões.

O atraso na área adentra as cidades. São Paulo e Rio, por exemplo, têm sistemas de metrô e VLTs relativamente organizados, mas incompatíveis com a demanda existente. No segmento de trens urbanos são recorrentes os problemas de segurança e atrasos.

Diante desse panorama, são lamentáveis as conclusões de duas recentes reportagens desta Folha.

Em São Paulo, a via que liga o centro da cidade ao aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, foi entregue em 2018 ao custo de R$ 2,3 bilhões. A linha 13-Jade possui trens que comportam 2.000 passageiros por viagem, mas eles têm transportado, em média, apenas 35 (2%).

Entre seus maiores problemas está o fato de a linha não chegar aos terminais do aeroporto, obrigando os usuários, carregados de malas, a tomar um ônibus para completar o trajeto. Mais R$ 175 milhões deverão ser gastos para reparar o imperdoável erro de concepção.

Em Cuiabá (MT), outro exemplo de descaso é o abandono das obras do VLT que ligaria o centro da cidade ao aeroporto Marechal Rondon. Prevista para terminar em 2014, a obra foi abandonada e, em seu percurso, restaram esqueletos e entulho que afugentaram o comércio e atrapalham o trânsito.

Em grave crise fiscal e com investimentos no mínimo histórico, o poder público no Brasil não pode mais se dar ao luxo de tocar obras desse tipo, sem viabilidade financeira ou com projetos descabidos.

editoriais@grupofolha.com.br

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas