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Enem adiado

Inevitável, nova data foi fixada com improviso, enquanto MEC segue sem titular

Saída dos candidatos ao Enem 2019 da unidade da Uninove da Barra Funda - Rubens Cavallari - 3.nov.19/Folhapress

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Mesmo há três semanas sem um ministro da Educação, após a ruinosa passagem de Abraham Weintraub pela pasta, o governo federal definiu na quarta (8) as novas datas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o principal meio de acesso ao ensino superior do país.

O adiamento da prova constitui o resultado inevitável do impacto da pandemia de Covid-19 sobre as escolas, já há quase quatro meses sem aulas presenciais. Programado originalmente para novembro, o Enem deverá ser realizado agora nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021.

Mas a fixação do novo calendário, por necessária que fosse, traz alguns questionamentos e, como sói acontecer na administração Jair Bolsonaro, deu-se apenas depois de um conturbado processo.

Depois de passar meses negando o óbvio e ignorando pedidos das secretarias de ensino pelo adiamento, Weintraub mudou de postura quando se viu diante de uma iminente derrota sobre o tema no Congresso, que chegou a aprovar um texto exigindo a alteração da data.

Antes disso, contudo, o MEC desperdiçou recursos públicos numa peça de propaganda situada entre a ignorância e a crueldade.

Com o mote “a vida não pode parar”, a campanha defendeu que com livros em casa e acesso à internet, o aluno poderia se preparar adequadamente para o Enem —como se essa fosse a realidade da maioria dos estudantes brasileiros.

Decidido, enfim, o adiamento, a pasta promoveu ainda uma insensata enquete pela internet sobre a melhor data para a prova, na qual votaram cerca de 1 milhão de estudantes. Metade deles optou por realizá-la em maio, escolha que o governo afirmou que respeitaria.

Com a resolução de aplicar o Enem em janeiro, o ministério privilegiou a manutenção do calendário universitário, em detrimento de outros fatores, como a melhor preparação dos alunos da rede pública —que reúne mais de 80% dos estudantes do ensino médio.

Qualquer que fosse a data escolhida, contudo, a decisão seria baseada, como o foi, não em dados, mas em achismo. Desconhecem-se hoje informações básicas, como o percentual de alunos que estão recebendo aulas à distância ou que secretarias estaduais contam com planos para a retomada das aulas.

Tal apagão, uma barreira sólida contra qualquer planejamento, decorre da ausência de liderança do MEC durante a pandemia, quando abdicou de seu papel de coordenar a resposta educacional do país.

editoriais@grupofolha.com.br

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