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Melhora paulistana

Queda de novos casos permite experiência de reabertura —com coragem para recuar

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Reabertura do restaurante Spot, na região da Av. Paulista
Reabertura do restaurante Spot, na região da av. Paulista - Zanone Fraissat/Folhapress

Mesmo que se desenvolvam vacinas eficazes para a Covid-19 em prazo recorde, levará meses, ou até um par de anos, até que possamos voltar a circular como antes, sem maiores preocupações. Não será possível, obviamente, passar todo esse tempo sob quarentenas rígidas.

Decisões relativas à reabertura têm de ser tomadas com base na ciência —mas cabe lembrar que não se lida aqui com uma ciência exata. Uma das variáveis relevantes é o comportamento do público, não raro inconsistente.

A partir da experiência internacional, o Brasil deveria aprender que há grande risco em reabrir comércios e serviços enquanto a circulação do vírus ainda se mostra alta. Impõe-se também que os serviços de saúde operem com folga nas áreas reservadas para a doença.

As decisões, portanto, são necessariamente locais, em nível municipal ou de conurbados, com a participação dos governos estaduais. Infelizmente, não se pode contar com o Ministério da Saúde.

Na cidade de São Paulo, o pico da epidemia parece já ter passado. Os números de novas infecções e de óbitos vêm caindo, e os hospitais operam com níveis confortáveis de demanda. O quadro não autoriza liberação irrestrita, mas permite que se experimente com a reabertura, como vem ocorrendo já há algumas semanas.

Exemplos de outros países ensinam que atividades ao ar livre são as mais seguras, ainda que não dispensem o uso de máscaras nem o distanciamento social. Nesse sentido, causa estranheza que a reabertura de parques paulistanos tenha ficado para depois.

Em ambientes fechados, o tipo de atividade é relevante. Situações em que clientes e atendentes trocam algumas poucas palavras, como o comércio varejista, implicam menos riscos do que aquelas em que as interações são mais longas e envolvem diálogos mais extensos, como bares e igrejas.

Teria sido importante considerar, além do tipo de atividade, as condições de lotação e ventilação de cada prédio em que elas ocorrem.

Um restaurante com pátio interno aberto difere em muito de um bistrô apertado e sem janelas. Um tratamento linear para os dois está longe de ser a melhor resposta. Lamentavelmente, porém, a prefeitura não se preparou para trazer esses elementos para a equação.

De agora em diante, cumpre conduzir os próximos passos de reabertura com responsabilidade, apoio de dados estatísticos e, principalmente, a coragem de recuar caso surjam repiques de contágio.

editoriais@grupofolha.com.br

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