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Bolsonaro cercado

Presidente enfrentará CPI entre conflito com base partidária e caos sanitário

O presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto - Marcos Corrêa/PR

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O principal programa de Jair Bolsonaro desde 2020 foi a sabotagem dos esforços de combate à epidemia. Além desse plano de desorganização sanitária, erros, omissões e negligência serão tema da CPI da Covid no Senado.

Bolsonaro estará em questão durante os pelo menos três meses de trabalho da comissão de inquérito, mesmo na hipótese de que não venha a ser considerado responsável direto pelos danos causados por seu governo ou por crimes que venham a ser comprovados.

Será objeto de escrutínio e de ataques políticos num momento em que se encontra cercado.

Os senadores governistas devem ser minoria na CPI, um exemplo de fraqueza e incompetência políticas do Planalto —que ora se debate em desespero para que presidente e relator do colegiado não sejam, na prática, oposicionistas.

A instalação da comissão resultou de decisão endossada por 10 dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal, em derrota acachapante do presidente.

Bolsonaro está em atrito com sua coalizão precária, que pode até se desfigurar a depender do impasse em torno do Orçamento e das emendas parlamentares.

O ministro da Saúde que presidiu a escalada do morticínio, Eduardo Pazuello, é objeto de ações no Ministério Público Federal e é fiscalizado pelo Tribunal de Contas da União; pode ser culpado pelo horror de Manaus e pelo conjunto das atrocidades do governo.

Outras ações e protestos correm pelo país, que na maioria reprova o desempenho de Bolsonaro na pandemia, segundo o Datafolha. O desastre criado pelo mandatário é tema de artigos nas principais revistas científicas do mundo.

Governistas conseguiram agregar à CPI da Covid uma investigação sobre irregularidades no uso de verbas federais para a saúde em estados e municípios. A justificativa cita ações da Polícia Federal contra mau uso desses recursos e diz que também autoridades federais devem ser investigadas.

Pelo bem ou pelo mal, conseguem-se assim mais inimigos e amplia-se o campo minado. O próprio Pazuello insinuou que houve tentativas de corrupção até mesmo dentro da pasta que dirigia.

Quando se sente encurralado, é comum que Bolsonaro ataque os demais Poderes ou apoie adeptos do golpe militar. Noutras situações, como agora, sugere que o país está próximo de um tumulto que exigirá medidas de exceção.

Quando não ataca diretamente a República, cede poder ao centrão, como faz desde o início de 2020. Na sua versão mais amena, patrocina pactos entre os Poderes, que acabam por se revelar farsescos. Em qualquer hipótese, suas defesas parecem mais frágeis agora.

editoriais@grupofolha.com.br

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