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Sandice impressa

Presidente da Câmara adere à farsa de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas

Urna eletrônica usada em 2020 - Isaac Fontana/FramePhoto /Agência O Globo

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Sabe-se há muito que Jair Bolsonaro é adepto de teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais de indisfarçável tom golpista. A triste novidade é ver a sandice encontrar eco na cúpula do Legislativo.

Na quinta-feira (13), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), decidiu exibir sua adesão à tese do retorno do voto impresso. “Nós queremos votar e ter a certeza de que esse voto é confirmado da maneira como a gente colocou”, discursou, ao lado de Bolsonaro, em Alagoas.

O embarque não fica apenas no plano da retórica. Com a criação da comissão sobre uma proposta de emenda à Constituição nesse sentido, apresentada pela deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), a matéria pode caminhar no Legislativo e criar oportunidades para ataques ao sistema eleitoral.

Mesmo não extinguindo as urnas eletrônicas, em funcionamento no país desde 1996, a PEC 135/19 exige que a cédula seja impressa após a votação, para que possa ser “auditada de forma independente”.

Trata-se de uma falácia, além de obscurantismo paranoico. Investir tempo neste debate significa conferir seriedade ao que, no fundo, constitui o medo de derrota por parte de um futuro candidato à reeleição em baixa nas pesquisas.

Tome-se o exemplo dos Estados Unidos, onde o voto é impresso —e onde o modelo de Bolsonaro, Donald Trump, lançou acusações infundadas de fraudes, repetidas pelo presidente brasileiro, ao ser derrotado por Joe Biden.

As urnas eletrônicas já são auditáveis. Passam por rigorosos exames antes e depois da eleição, e algumas, selecionadas por sorteio, são checadas no próprio dia do pleito para verificar a autenticidade e integridade do processo.

Como não estão conectadas à internet, cabe lembrar, não estão sujeitas a invasões de hackers.

Ao encampar a desinformação propagado pelo bolsonarismo, o presidente da Câmara investe contra a credibilidade do sistema eleitoral pelo qual ele próprio e o chefe do Executivo foram eleitos.

É deplorável que o Tribunal Superior Eleitoral se veja obrigado a lançar campanha para defender a segurança da urna eletrônica. Lira possivelmente não fará mais do que se expor ao ridículo, mas nem por isso o país pode desperdiçar energia com essa agenda retrógrada.

editoriais@grupofolha.com.br

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