Debelar a inflação
BC indica mais juros, medida amarga mas necessária para evitar dano social maior
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Em decisão esperada, o Banco Central elevou mais uma vez a taxa básica de juros, desta vez de 3,5% para 4,25% ao ano. A medida decorre de pressões inflacionárias persistentes, iniciadas no atacado, com o choque cambial do ano passado, e que agora chegam com força aos índices de preços ao consumidor.
A novidade do comunicado do Comitê de Política Monetária foi o abandono da premissa que se vinha adotando desde a primeira elevação dos juros em março —a de que seria necessário apenas um ajuste parcial, não uma remoção completa dos estímulos.
Na prática, isso significa que o BC espera subir a Selic até pelo menos o chamado nível neutro, aquele que deixa de estimular o crescimento do Produto Interno Bruto. Esse patamar não é observável diretamente, mas as estimativas mais comuns sugerem algo próximo a 6,5% ao ano.
O tom geral do comunicado é de mais confiança na retomada da economia, de um lado, mas de maior preocupação com a inflação, de outro. O repasse dos preços de matérias-primas para bens industriais tem se mostrado forte, e surgem no horizonte novas pressões.
Uma delas é a perspectiva de alta adicional da tarifa de energia, em razão do agravamento da crise hídrica. No segundo semestre, além disso, a provável reabertura de atividades com o avanço da vacinação pode abrir espaço para uma recomposição dos preços dos serviços, hoje defasados.
Tudo somado, as projeções para o IPCA neste ano já se situam em torno de 6%, muito acima da meta oficial de 3,75%.
O quadro é delicado também por causa dos riscos de inflação na economia internacional, embora em escala menor que no Brasil. Não por acaso, o banco central americano indicou na quarta-feira (16) que pretende subir os juros mais cedo do que o esperado até então.
O aperto monetário no Brasil é amargo, mas necessário no contexto de hoje para evitar danos maiores —que afetam sobretudo o poder de compra da população mais pobre. Um efeito visível das ações do BC já se mostra na cotação do real, que tem se recuperado, algo importante hoje para afastar o risco de novos choques de custos.
Qualquer perspectiva mais positiva, contudo, depende de continuidade da retomada com o avanço da vacinação, que é provável a despeito do negacionismo do Planalto, e de maior confiança na gestão das contas públicas.
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