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Bolsonaro libera com enorme atraso verbas para internet em escolas públicas

Retorno parcial de aulas presenciais em escola do estado de São Paulo, em abril de 2021 - Rivaldo Gomes - 14.abr.21/Folhapress

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Dá a medida do descaso da administração Jair Bolsonaro (PL) com a educação o fato de que só agora, passados quase dois anos do início da pandemia, o governo federal tenha liberado recursos para facilitar o acesso à internet de alunos e professores de escolas públicas.

O repasse de R$ 3,5 bilhões a estados e Distrito Federal encerra uma novela iniciada em março do ano passado, quando Bolsonaro vetou o projeto que obrigava o governo a fornecer internet à rede pública para a realização de aulas não presenciais durante a crise sanitária.

Em junho, o veto foi derrubado pelo Congresso, mas a administração federal conseguiu protelar o envio das verbas, que agora deverão ser utilizadas para a compra de terminais para alunos e professores, bem como para a aquisição de conectividade móvel.

A lerdeza governamental ganha contornos ainda mais deprimentes quando se conhecem as enormes carências do país nessa seara. No fim de 2019, pouco antes do advento da pandemia, nada menos que 4,1 milhões de estudantes da rede pública não dispunham de acesso à internet, segundo o IBGE.

Em 2020, enquanto as escolas ficavam fechadas, os alunos permaneciam à míngua. Uma pesquisa do próprio Ministério da Educação mostrou que, naquele ano, apenas 6,6% dos estabelecimentos públicos forneceram aos estudantes acesso gratuito à internet.

Em que pese tudo isso, o ministro Milton Ribeiro, justificou o veto aos R$ 3,5 bilhões afirmando que haveria necessidades "mais urgentes" nas escolas públicas.

Esse atraso na liberação de recursos, embora grave, é apenas parte dos problemas de um governo que abdicou de seu papel de elaborar políticas públicas de enfrentamento à pandemia. Do treinamento dos docentes para o ensino remoto ao exercício de uma coordenação nacional, passando pelo apoio às redes para uma volta célere das aulas presenciais, tudo faltou.

Pesquisa produzida pelo Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social mostrou que, durante a pandemia, alunos ricos de colégios privados receberam uma quantidade significativamente maior de aulas presenciais que aqueles mais pobres de escolas públicas.

Tal discrepância tende a, no futuro, diminuir a mobilidade social no país e aumentar a desigualdade de renda. Buscar meios de reduzir esse fosso e recuperar o aprendizado perdido deveria ser a prioridade do MEC neste ano.

editoriais@grupofolha.com.br

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