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Trocas no MEC e na Petrobras mostram governo sem visão que não seja eleitoral

O presidente Jair Bolsonaro (PL) em ato do partido - Pedro Ladeira/Folhapress

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A exposição do balcão de negócios no Ministério da Educação tornou insustentável a permanência de Milton Ribeiro no comando da pasta, e Jair Bolsonaro (PL) assinou sua demissão na segunda (28).

O presidente deixou claros os seus objetivos dias antes da exoneração do auxiliar, ao declarar que confiava tanto na honestidade de Ribeiro que colocaria a cara no fogo por ele se fosse necessário.

Bolsonaro não tem interesse em investigar as suspeitas de corrupção no ministério, muito menos quer melhorar a gestão do ensino. Sua prioridade é evitar que o escândalo respingue na campanha à reeleição —e para isso ele quer contar com a ajuda de Ribeiro.

Este caiu após a divulgação do áudio em que, numa reunião com prefeitos que pediam verbas, recomendava que se acertassem com pastores que traficavam favores no MEC. Como explicou, tratava-se de um pedido do próprio Bolsonaro.

Com o afago no colaborador às vésperas da degola, o mandatário procurou garantir, tudo indica, que não haja mais declarações inconvenientes sobre o caso.

Preservar a aliança com os evangélicos é parte essencial da estratégia de Bolsonaro para recuperar sua popularidade e vencer as eleições de outubro. Abafar o escândalo é o que precisa fazer para manter os pastores ao seu lado.

O presidente busca ainda proteger os interesses de seus aliados no centrão, que têm a chave do cofre de onde saem os recursos orçamentários disputados pelos prefeitos arrebanhados pelos pastores.

Os esforços pela reeleição explicam também mais uma turbulenta troca do comando da Petrobras, anunciada no mesmo dia da saída do ministro da Educação.

O presidente decidiu demitir o general Joaquim Silva e Luna porque ele não cedeu a seus apelos para segurar os preços dos combustíveis a qualquer custo, ainda que isso colocasse em risco a confiança dos investidores e a saúde financeira da companhia.

Silva e Luna é o segundo presidente da Petrobras a ser afastado por Bolsonaro pelo mesmo motivo, depois de Roberto Castello Branco. O economista Adriano Pires, indicado para o posto, defende subsídios que amorteçam os efeitos da alta dos combustíveis sem mexer na política de preços da empresa.

A Lei das Estatais e melhorias introduzidas na governança da Petrobras nos últimos anos criaram barreiras que a protegem contra tentações intervencionistas, mas a aposta de Bolsonaro é que ganhará pontos mesmo se o preço da gasolina não baixar.

Ele espera convencer o eleitor de que tentou alguma coisa —e que só não fez mais porque os adversários não o deixam trabalhar. Um governo responsável buscaria alternativas que não comprometessem o futuro da Petrobras, mas o jogo de Bolsonaro é outro. Ele prefere a confusão desde sempre.

editoriais@grupofolha.com.br

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