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Jack Terpins

Páscoa e Pessach

Que sempre caminhemos juntos como exemplo de paz e colaboração

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Jack Terpins

Engenheiro, é presidente do Congresso Judaico Latino-Americano e do Movimento Macabi Mundial

Seguindo a tradição, representantes da Igreja Católica e do Congresso Judaico Latino-Americano (CJL) reuniram-se às vésperas de mais uma celebração da Páscoa e do Pessach para confraternizarem e, mais do que isso, conversarem sobre o que os une.

De início, foi dado o exemplo que relaciona a "matzá" (pão ázimo) e o vinho do "seder" (jantar festivo) à hóstia e ao vinho da eucaristia. "Esses são exemplos físicos e relativos sobre o que nos une, o que é mais importante do que tudo", apontou Claudio Epelman, diretor-executivo do CJL e representante do Congresso Judaico Mundial para o Diálogo Inter-Religioso.

No ano passado, em um encontro virtual com o mesmo propósito, o cardeal Daniel Berhouet, arcebispo de Montevidéu, lembrou que há conceitos comuns entre as duas fés: liberdade, memória, pão e vinho. Os dois primeiros são abstratos e poderosos.

Jack Terpins, presidente do Congresso Judaico Latino-Americano - Folhapress

Cabe considerar a memória como a narrativa das lutas e vitórias de um povo e sua capacidade em recordar o passado recente e o "distanciado", contado de geração em geração. Já a liberdade acontece em dois níveis: o físico e o espiritual. O primeiro é sensível; o outro é o que preenche nossos corações.

As duas comemorações, a cristã e a judaica, preenchem uma semana, e neste ano caem, respectivamente de 10 a 17 (Semana Santa) e de 15 a 23 de abril (Pessach). Elas são repletas de simbolismo, e os crentes fazem delas uma legítima confissão de fé.

Neste período lembramos os últimos dias de vida de Cristo. O dia que precede a Sexta-Feira da Paixão é muito importante: foi quando aconteceu a Última Ceia, que corresponde a um dos Sedarim do Pessach (jantares festivos judaicos). É o momento em que Jesus faz uma refeição com os apóstolos e dá o pão a seus discípulos, marcando, com esse gesto, a eucaristia, a comunhão, e ergue o cálice em uma entrega do veio de sua vida em favor deles.

No jantar judaico, esses elementos ganham o significado do pão ázimo, que não deu para fermentar na saída dos hebreus do Egito, e o vinho, que pode ser "traduzido" como a fala de Deus e os méritos do povo de Israel no exílio. O que Deus fala: "Eu os libertarei do trabalho no Egito; e Eu os libertarei da escravidão. Eu os redimirei com braço forte e estendido, e Eu os guiarei para serem Meu povo." Também temos os méritos dos filhos de Israel, mesmo no exílio egípcio: não trocaram seus nomes hebraicos, falavam a língua hebraica, levaram uma vida altamente moral e permaneceram leais uns aos outros e a Deus.

No dia seguinte à Sexta-Feira da Paixão, Jesus Cristo é crucificado pelos romanos —ele deu sua vida aos homens. E, assim como o "shabat" (dia sagrado), desse pôr do sol ao de sábado não se deve fazer celebrações. A partir de então se aguarda a ressurreição de Cristo, ocorrida na Páscoa —palavra essa que significa passagem, o equivalente à tradução de Pessach para os judeus.

Em suma, nesses tempos em que revemos e reforçamos a semelhança, respeito e consideração de uma religião para com a outra, que nos unimos fraternalmente através de encontros, atividades, pensamentos e anseios, só temos a desejar que sempre caminhemos juntos como exemplo de paz e colaboração.

Neste ano, aqui; o próximo, juntos em uma parte do mundo em que impere tudo o que os homens de boa vontade realizem em prol da humanidade.

Le haim! ("à vida!").

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