Mais que o trânsito
Índice aponta condição da mobilidade urbana; pedágio urbano é opção a considerar
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Apesar de avanços recentes, as capitais brasileiras padecem ainda, em maior ou menor grau, de graves problemas relacionados à mobilidade urbana. Vias entupidas e um transporte público precário são apenas alguns dos transtornos enfrentados diariamente por dezenas de milhões de cidadãos.
Uma análise criteriosa dessa realidade, contudo, pode revelar detalhes que, embora não invalidem o diagnóstico geral, permitem uma avaliação mais precisa e, principalmente, comparativa das dificuldades e dos progressos obtidos pelas maiores cidades do país.
É o que propõe o recém-lançado Índice Folha de Mobilidade Urbana. Calculado com base em 13 critérios —entre eles conectividade da rede viária, malha de ciclovias, números de acidentes e emissões de dióxido de carbono—, o indicador busca aferir aspectos relacionados à qualidade do trânsito e em que medida eles atendem aos imperativos da sustentabilidade.
Trata-se uma versão resumida do Índice de Mobilidade Urbana Sustentável, que utiliza 87 indicadores e origina-se de uma tese de doutorado apresentada na Escola de Engenharia de São Carlos, da USP.
A ferramenta classifica cada cidade num nível crescente de qualidade, dentro de uma escala variando de 0 a 1 —e os resultados mostram que as grandes cidades ainda têm muito chão a percorrer para uma mobilidade sustentável.
Com 0,543, número apenas pouco acima do valor intermediário, Fortaleza foi a mais bem colocada dentre as capitais. O pelotão superior inclui somente outras três cidades: Aracaju, São Paulo e Curitiba. Na ponta de baixo aparecem Palmas, São Luís e Porto Velho.
A restrição à circulação de veículos particulares constitui uma das providências que, no entender desta Folha, mais podem contribuir para a melhoria da mobilidade nas maiores metrópoles.
Deve-se considerar, nesse sentido, a implementação do pedágio urbano em zonas centrais —que, além de aliviar o trânsito e reduzir a poluição, pode gerar recursos para investir no transporte público.
Somadas a isso, a expansão de ciclovias, linhas de trem e metrô e faixas de ônibus, bem como a redução de velocidade nas vias urbanas, constituem o rol básico de soluções que todas as capitais deveriam perseguir para tornar o deslocamento de seus moradores mais eficiente, seguro e limpo.
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