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Hostil ao jornalismo, Bolsonaro renova aposta na confusão em entrevista ao JN

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) na bancada do Jornal Nacional - Marcos Serra Lima G1

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Dada a belicosidade com que Jair Bolsonaro (PL) trata a imprensa desde sua chegada à Presidência da República, temeu-se o pior em sua entrevista à bancada do Jornal Nacional, na noite de segunda (22).

No entanto, em lugar do valentão que insulta repórteres nas ruas, o que se viu na televisão foi um político acuado —capaz de exercer algum autocontrole, mas despreparado para um tipo de embate que evitou por três anos e meio.

Bolsonaro mentiu mais uma vez sobre suas ações na pandemia, seu descaso com as vítimas da Covid-19 e sua negligência com as vacinas. Desmentido pelos jornalistas, insistiu em lorotas que se desmancham no ar com um clique na internet.

Quando tentou negar as ofensas que dirigiu a ministros do Supremo Tribunal Federal repetidamente nos últimos meses, a dificuldade de sustentar a patranha ficou tão evidente que o mandatário se desconcertou e mudou de assunto.

Questionado sobre o que fará se perder as eleições, Bolsonaro disse que aceitará o resultado se elas forem limpas. Como não há razão para achar que não serão, a fórmula sibilina só serviu para manter acesa sua campanha de descrédito contra as urnas eletrônicas.

O presidente chegou a sugerir que uma decisão sobre a validade do pleito dependerá das Forças Armadas, que participam da fiscalização do processo a convite da Justiça Eleitoral. Mas não existe nada nas atribuições dos militares que permita tal interpretação.

Indiferente ao repúdio que suas ameaças golpistas receberam da sociedade e da política nas últimas semanas, Bolsonaro saiu em defesa dos apoiadores que pregam contra a ordem democrática, e disse que não cabe a ele desautorizá-los.

É possível que o presidente acredite que essa é mesmo a melhor estratégia para sua campanha à reeleição: investir na tensão entre as instituições para manter mobilizados seus seguidores mais fiéis.

Ele ganhou pontos nas últimas pesquisas, mas ainda está longe do primeiro colocado, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os números indicam que essa distância só diminuirá se ele conquistar eleitores que hoje descartam seu nome.

Os 40 minutos da entrevista, no telejornal de maior audiência da televisão brasileira, eram uma oportunidade, mas não houve aceno na direção dessas pessoas.

Indagado sobre as dificuldades econômicas que o país enfrenta e seus planos para um eventual segundo mandato, Bolsonaro foi incapaz de dar uma resposta objetiva, que oferecesse ao menos uma pista sobre o que pretende fazer.

Se a entrevista serviu para mostrar que a aposta na confusão continua sua opção preferencial, ficaram visíveis também as dificuldades que ele enfrenta na disputa.

editoriais@grupofolha.com.br

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