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Alfredo Macedo Gomes

Universidade pública federal: ecossistema e ativo estratégico

Planejamento deve ser nacionalmente coordenado, fundado no amplo diálogo

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Alfredo Macedo Gomes

Professor e reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

A universidade é uma das instituições sociais mais sólidas da história da humanidade. A primeira fundada na Europa, a de Bolonha, na Itália, nasceu em 1088. Em diversos continentes, África, América, Ásia, Europa e Oceania, a esperança em um mundo melhor, conduzida pela ação humana planejada e racionalizada, cria universidades que são e continuarão a ser instituições necessárias e estratégicas para toda e qualquer sociedade-nação.

O Brasil conseguiu constituir, organizar e colocar em funcionamento, por meio de esforço nacional, em menos de um século, uma robusta rede de universidades públicas federais, de valor inestimável, patrimônio estratégico do povo brasileiro, que compreende 68 universidades federais, distribuídas nos 26 estados da Federação e no Distrito Federal, que respondem por mais de 1,3 milhão de matrículas na graduação (15,3% das matrículas da educação superior brasileira, que somavam 8,9 milhões em 2021) e por 241.804 matrículas de mestrado e doutorado, de um total de 325.189. No conjunto, as universidades federais respondem por aproximadamente 1,7 milhão de matriculas.

A formação de bacharéis, licenciados, especialistas, residentes, mestres e doutores é coordenada por professores altamente qualificados, conscientes, na sua imensa maioria, do valor acadêmico-econômico-cultural da educação para a sociedade brasileira. São mais de 91 mil docentes, dos quais mais de 75 mil (82%) têm formação doutoral e mais de 84 mil (92,5%) com contrato de trabalho de 40 horas e dedicação exclusiva. O corpo técnico-administrativo é formado por mais de 90 mil servidores. Trata-se de capacidade competitiva considerável para o Brasil, embora as universidades federais e o sistema de produção científico-tecnológica tenham sido intencionalmente prejudicados por ações inconsequentes do governo que se encerra. O negacionismo é arma anticiência, o extremismo é arma antipolítica —e ambos contrários ao desenvolvimento do país.

A realidade expressa nos dados acima não pode ser ignorada pelos fazedores de políticas públicas, considerando-se que educação, ciência, tecnologia e inovação constituem ativos estratégicos para gerar riqueza e produzir um círculo virtuoso de benefícios sociais, econômicos, educacionais e artístico-culturais para o Brasil. Trata-se de patrimônio com invejável potencial de crescimento, capaz de reposicionar o Brasil, no médio prazo, como um player importante no cenário mundial.

Para que isso aconteça, é preciso que se invista nas universidades federais a partir de planejamento estratégico ativo, nacionalmente coordenado, fundado no amplo diálogo, para aproveitar, por um lado, o enorme potencial existente e, por outro, para propor, induzir e realizar as mudanças que se fazem necessárias no sentido da efetiva construção do ecossistema de instituições estrategicamente orientado.

Quando se diz que é preciso que se invista nas universidades federais, quer-se dizer que a formulação de políticas públicas, que inspira, motiva, orienta, articula e produz mudanças, é em si mesma investimento, uma vez que essas políticas (programas, projetos e ações estratégicas) devem orientar o investimento e, assim, o compromisso com as pautas prioritárias para o Brasil.

O ecossistema de universidades federais não é apenas necessário; é possibilidade real de ressignificar todo o seu potencial em ativo estratégico capaz de contribuir para a construção de um Brasil soberano, economicamente próspero, socialmente justo e globalmente articulado. Lembremos: a universidade é parte integrante do sistema educativo, formado pela educação básica, de onde é alimentada pelas juventudes que buscam conhecimentos e competências sociais e técnico-profissionais para a cidadania e atuação no mundo produtivo; a universidade é parte integrante do mercado de trabalho, mutante, diverso, plural, competitivo e interdependente local, regional e globalmente; a universidade é parte integrante do sistema de ciência, tecnologia e inovação. É, pois, por tais razões, que podemos falar de ecossistema... Fortalecimento e mudança são os ingredientes para a sua plena operação.

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