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A CPI e Bolsonaro

Ex-presidente presta depoimento patético; comissão pode virar circo de versões

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Jair Bolsonaro (PL) deixa a sede da Polícia Federal, em Brasília, após prestar depoimento - Pedro Ladeira/Folhapress

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Comissões parlamentares de inquérito, por sua natureza, são instrumentos de minorias congressuais e não interessam ao governo de turno —este sempre tem algo a perder, nem que seja apenas tempo para o avanço de seus projetos legislativos prioritários.

Não é diferente com a CPI mista instalada nesta quarta-feira (26) para investigar o ataque de motivações golpistas às sedes dos três Poderes em 8 de janeiro. Nesse caso em particular, chega-se ao paradoxo de que o bolsonarismo, alvo natural da apuração, tenha pressionado pela criação do colegiado.

Já o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sustentado por uma coalizão partidária de maioria incerta no Parlamento, pouco pôde fazer para evitar a CPI.

Depois do vazamento de imagens que mostram o então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, perambulando na Presidência durante a ofensiva dos vândalos, o Planalto viu-se obrigado a apoiar o que já era inevitável.

Não se trata, obviamente, de uma comissão parlamentar desprovida de mérito —há, afinal, um fato gravíssimo e de múltiplas ramificações a ser esclarecido. Entretanto é também evidente o risco de que a investigação dê lugar a uma batalha política por versões e à costumeira disputa por holofotes.

Para os adeptos de Jair Bolsonaro (PL), há ao menos uma chance de contra-ataque, depois que o episódio infame rendeu solidariedade doméstica e internacional a Lula e pronta reação das instituições.

Mais de 2.000 suspeitos foram presos; mais de 1.000 foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República; 100 já se tornaram réus no Supremo Tribunal Federal.

O ex-presidente, ameaçado pela inelegibilidade e pelo rumoroso caso das joias da Arábia Saudita, prestou nesta quarta depoimento patético à Polícia Federal que ilustra o seu ocaso político.

Bolsonaro disse ter postado por engano, sob efeito de medicamentos, um vídeo com ataques às urnas eletrônicas em 10 de janeiro. Procura assim não ser responsabilizado por incitar as invasões golpistas de dois dias antes.

A extensão precisa de seu papel nos atos está em investigação. O que dispensa novas evidências é a campanha antidemocrática que promoveu ao longo de anos, com alegações de fraudes eleitorais desprovidas de qualquer base, culminando em uma exposição escandalosa a embaixadores estrangeiros.

O bolsonarismo talvez consiga aproveitar a CPI para fustigar o governo. Não apagará o fato, no entanto, de que o punhado de idiotas fanatizados que vandalizou o patrimônio público seguia um líder que nunca se mostrou disposto a aceitar a derrota nas urnas.

editoriais@grupofolha.com.br

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