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Descrição de chapéu Lava Jato

Oposição pede afastamento de Moro e diz que obstruirá votações no Congresso

Dirigentes de partidos e representantes de movimentos de esquerda recomendaram cautela

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Brasília e Rio de Janeiro

A bancada oposicionista na Câmara dos Deputados declarou que pretende obstruir todas as votações no Congresso depois do vazamento de conversas do ministro da Justiça Sergio Moro com procuradores da Lava Jato

Nesta segunda-feira (10), líderes partidários do PT, PC do B e PSOL pediram o afastamento de Moro do cargo e aventaram a possibilidade de criação de CPI para investigar o caso revelado pelo The Intercept Brasil.

"Deve levar imediatamente ao afastamento do Moro de onde ele está, do seu cargo. O parlamento brasileiro tem que entrar nessa investigação, está colocada na mesa a possibilidade de CPI", afirmou a líder da minoria, Jandira Feghali (PC do B-RJ). 

O ministro da Justiça, Sergio Moro, visita, nesta segunda-feira (10), o Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), em Manaus, palco de massacre em maio e em 2017 - Assessoria de imprensa/Governo do Amazonas/Divulgação

Além disso, deputados devem apresentar requerimento de convocação para que o ministro tenha que dar explicações à Câmara.

"Não é possível que ele esteja à frente do Ministério da Justiça já que essa investigação tenha que ser conduzida pela Polícia Federal", afirmou Paulo Pimenta (PT-RS). 

A oposição deve obstruir votações nesta semana, que é crucial para o governo. Bolsonaro tem que aprovar um projeto de crédito suplementar em sessão do Congresso marcada para esta terça-feira (11).

"Nós vamos entrar em obstrução total para que nenhuma matéria possa tramitar até que essas medidas de natureza administrativa sejam adotadas", afirmou Pimenta.

Segundo o líder do PSOL, Ivan Valente (SP), os partidos estão reunidos e aguardam a possível liberação de mais mensagens para definir a apresentação de recursos como a convocação. 

De acordo com os diálogos revelados no domingo (9), Moro e Deltan Dallagnol trocavam colaborações sobre casos. Entre eles, o que levou à prisão do ex-presidente Lula por causa do tríplex de Guarujá. Nele, o petista é acusado de receber R$ 3,7 milhões de propina da empreiteira OAS em decorrência de contratos da empresa com a Petrobras.

cautela

Reunidos nesta segunda em São Paulo, dirigentes de seis partidos de oposição e representantes de movimentos de esquerda recomendaram cautela sobre a estratégia a ser adotada após a revelação das conversas entre Moro e Deltan.

Apesar de defenderem a libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o afastamento de Moro do Ministério da Justiça, dirigentes partidários temem que as iniciativas da esquerda sejam interpretadas como mais um capítulo da disputa política entre o ex-presidente e o ministro. Daí a necessidade de uma apuração rigorosa e ampliação dos defensores dessa investigação.

 

Na reunião, o ex-ministro Orlando Silva (PC do B-SP) foi um dos que manifestaram essa preocupação. Segundo ele, é necessária uma apuração rigorosa dos atos praticados, mas sem que a tática da oposição se restrinja a uma disputa Lula versus Moro. "Politizar o assunto é encobrir ilegalidades eventualmente praticadas", disse Orlando Silva. 

Também presente à reunião, o coordenador do MTST Guilherme Boulos concorda que o momento exige prudência. Ele, no entanto, afirma que não há como dissociar os métodos de um juiz com sua sentença. Por isso, Boulos defende o pedido de anulação da condenação de Lula. "Moro perdeu a condição política e moral de continuar no Ministério da Justiça", disse Boulos, recomendando prudência.

Coordenador do MST (Movimento dos Sem Terra), João Paulo Rodrigues também prega a ampliação do debate, incluindo Conselho Nacional de Justiça e do Ministério Público. Ele, no entanto, avisa: "Vamos querer que o Lula seja solto imediatamente".

Mesmo com dúvidas sobre a estratégia ideal, incluindo o apoio à instalação de uma CPI sobre o caso, participantes da reunião avaliaram que esse é o melhor cenário encontrado pela  oposição desde a eleição de Bolsonaro. "É evidente que amplia a instabilidade  do governo e coloca em dúvida a credibilidade do trabalho dos procuradores de Curitiba", afirma o presidente do PSOL, Juliano Medeiros.  

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