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Apple avança em projeto de robô de mesa em busca de novas fontes de receita

Produto combina tela semelhante a de um iPad com um braço robótico e deve chegar ao mercado entre 2026 e 2027

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Mark Gurman
Bloomberg

A Apple, em busca de novas fontes de receita, está avançando no desenvolvimento de um dispositivo doméstico de mesa caro que combina uma tela, semelhante a um iPad, com um braço robótico.

A empresa agora tem uma equipe de várias centenas de pessoas trabalhando no dispositivo, que usa um braço robótico fino para mover uma tela grande, segundo pessoas com conhecimento do assunto.

O produto, que depende de atuadores para inclinar a tela para cima e para baixo e girá-la 360 graus, ofereceria uma nova abordagem para produtos domésticos como o Echo Show 10, da Amazon, e o descontinuado Portal, da Meta.

dd - Reuters

O dispositivo é concebido como um centro de comando para casas inteligentes, máquina de videoconferência e ferramenta de segurança doméstica controlada remotamente, disseram as fontes, que pediram para não serem identificadas porque o trabalho não é público.

O projeto —de codinome J595— foi aprovado pela equipe executiva da Apple em 2022, mas começou a ganhar força formalmente nos últimos meses, disseram.

A mudança para a robótica faz parte de um esforço mais amplo para aumentar as vendas e capitalizar a Apple Intelligence, um conjunto de tecnologias de IA (Inteligência artificial) que chegará ao iPhone, iPad e Mac este ano.

A empresa também está buscando novas oportunidades de crescimento após encerrar os esforços para desenvolver um carro elétrico no início deste ano.

Um porta-voz da Apple recusou comentários sobre o projeto.

A equipe de design industrial da Apple tem explorado conceitos de robótica de mesa há anos, mas não havia consenso dentro da empresa —incluindo as equipes de engenharia de software e marketing— sobre se deveriam seguir em frente.

O grupo de marketing da Apple estava preocupado que os consumidores não estivessem dispostos a pagar por um produto desse tipo. Executivos de engenharia de software de alto nível, por sua vez, temiam os recursos de pessoal necessários para construir o software. Mas o CEO Tim Cook é visto como um defensor do dispositivo —assim como John Ternus, chefe de engenharia de hardware da empresa.

A Apple agora decidiu priorizar o desenvolvimento do dispositivo e está visando um lançamento já em 2026 ou 2027, segundo as pessoas. A empresa está tentando reduzir o preço para cerca de US$ 1 mil. Mas com alguns anos pela frente antes da data esperada para o lançamento, os planos podem mudar.

Como sinal de apoio, a Apple tornou o projeto responsabilidade exclusiva do executivo veterano Kevin Lynch. Ele atua como vice-presidente de tecnologia, supervisionou o carro autônomo e, até recentemente, os esforços de engenharia de software do Apple Watch e de saúde.

Lynch recentemente recrutou "tenentes-chave", que ajudaram a lançar o Apple Watch, para trabalhar no robô de mesa, bem como pesquisadores e engenheiros de robótica conhecidos. Lynch reporta-se a John Giannandrea, chefe de IA da Apple.

A ideia é que o produto seja controlado principalmente usando a assistente digital Siri e os próximos recursos da Apple Intelligence. O dispositivo poderia responder a comandos, como "olhe para mim", reposicionando a tela para focar na pessoa que está falando —durante uma videochamada, por exemplo. Ele também poderia reconhecer diferentes vozes e ajustar o foco de acordo com isso. Os modelos atuais em teste rodam uma versão customizada do sistema operacional do iPad.

O setor de engenharia de hardware também está envolvido. Matt Costello, executivo que lidera o desenvolvimento do alto-falante inteligente HomePod da Apple, está supervisionando o lado de hardware do projeto.

A empresa também está trabalhando em robôs que se movem pela casa e discutiu a ideia de uma versão humanoide. Esses projetos estão sendo liderados, em parte, por Hanns Wolfram Tappeiner, especialista em robótica que agora tem cerca de cem ex-engenheiros da equipe de carros reportando a ele.

Em uma lista de empregos publicada este mês, a Apple disse que tem uma equipe "trabalhando para aproveitar e construir pesquisas inovadoras de robótica de aprendizado de máquina, permitindo o desenvolvimento de sistemas robóticos generalizáveis e confiáveis". A empresa disse que está buscando especialistas com experiência em "manipulação de robôs" e criação de modelos de IA para controle de robôs.

Lynch foi o encarregado de alguns dos maiores projetos da Apple. Ele foi fundamental para levar o primeiro Apple Watch ao mercado, em 2015, e foi escolhido, em 2021, para supervisionar o projeto do carro autonômo.

Sob Lynch, o projeto do carro fez progressos —embora as ambições do produto tenham sido reduzidas ao longo do caminho. Até 2024, os custos haviam somado pelo menos US$ 10 bilhões e a indústria automobilística sofreu uma desaceleração. Havia preocupações sobre a capacidade da Apple de se destacar em um campo lotado, e a administração decidiu encerrar a iniciativa, em uma rara retirada de alto perfil.

As capacidades do dispositivo de mesa também têm enfrentado constante mudança. Algumas pessoas envolvidas no projeto dizem que os recursos foram reduzidos em relação às ambições iniciais, com uma pessoa descrevendo o processo de desenvolvimento como uma montanha-russa.

Outros dentro da Apple ainda questionam se o dispositivo atrairá os consumidores e se a empresa realmente precisa de outro produto semelhante a um tablet. Embora o novo headset Vision Pro combine realidade virtual e aumentada, ele acaba duplicando os recursos de um iPad.

A Apple também teve dificuldades para entrar no mercado de dispositivos domésticos inteligentes. Seus alto-falantes HomePod não venderam tão bem quanto os modelos da Amazon e do Google, e o set-top box Apple TV fica atrás dos dispositivos da Roku e de outros rivais.

O investimento em robótica é uma das poucas vias que a Apple está perseguindo para gerar novas fontes de receita.

A empresa também está trabalhando em óculos de realidade aumentada e explorando produtos menos ambiciosos, como óculos inteligentes que seriam semelhantes aos óculos Ray-Ban da Meta. Esse produto —que a Meta descreveu como um sucesso— não oferece uma experiência de realidade aumentada verdadeira, mas permite que os usuários façam chamadas telefônicas e capturem vídeos.

Além disso, a Apple está procurando criar uma versão de seus fones de ouvido AirPods que incluam câmeras, permitindo que eles percebam melhor o mundo exterior e trabalhando em um iPad gigante e dobrável —algo que pode não chegar até 2027 ou 2028, no mínimo, segundo pessoas com conhecimento do projeto.

A Apple ainda obtém cerca de metade de sua receita do iPhone, que tem vendido lentamente nos últimos trimestres. A empresa está planejando lançar novos modelos em setembro que apresentam câmeras, processadores e telas melhores. Mas isso só deve gerar um crescimento modesto.

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