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Filmes do Oscar levam espectador a destinos improváveis

Longas que estarão na premiação mostram cidades pouco exploradas no cinema e viagens no tempo

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‘Lady Bird’, com Saoirse Ronan e Lucas Hedges, se passa e foi gravado em Sacramento, capital da Califórnia, cidade da diretora do filme, Greta Gerwig - Merie Wallace/AP

 

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São Paulo

Jorge Luis Borges (1899-1986) escreveu que, ao entrar num cinema, saía da calle Florida, em Buenos Aires, e em um minuto podia se encontrar em qualquer parte do mundo. Quando via um filme argentino, saía da calle Florida e, ao entrar na sala de cinema, voltava à calle Florida.

 

Filmes sempre foram um bom (e econômico) meio de viajar. Muito mais na primeira metade do século passado, quando as pessoas precisavam ser muito ricas para viajar e tinham de passar uns 15 dias no navio até chegar, por exemplo, à Europa.

Os tempos são outros, mas os mistérios do mundo permanecem. Quem conhece Sacramento, capital da Califórnia? Sabemos de Los Angeles, São Francisco... Mas de Sacramento? Bem, ela está lá, em “Lady Bird”, da diretora Greta Gerwig, nascida ali. Não muito bem falada, é verdade: a protagonista não suporta a cidade em que nasceu e sonha em estudar longe.

 

“Eu, Tonya”, pelo qual Margot Robbie concorre ao Oscar de melhor atriz, nos leva a outra cidade pouco explorada (ao menos fora do faroeste): Portland, Oregon. 

O filme nos propõe uma bela incursão à ralé que habita as cidades provincianas. Garçonetes, como a mãe de Tonya; inúteis, como o namorado; idiotas, como o suposto agente secreto que se faz passar por guarda-costas. No meio deles emerge Tonya Harding, gênio da patinação: não é só a Portland que nos leva o filme mas também ao chamado “white trash”.

São mais diversificadas as figuras de “Três Anúncios para um Crime”, de Martin McDonagh, e a abordagem corresponde bem à maior diversidade de questões envolvidas pelos personagens. Mas o lugar é aquele: Ebbing, cidade fictícia no Missouri onde as marcas da boçalidade, do racismo, da truculência do sul dos EUA são presentes.

É mais agradável a viagem que propõe “Me Chame pelo Seu Nome”, pelo qual Timothée Chalamet, 22, disputa o Oscar de ator: ao verão da Lombardia e às paisagens de pequenas e antigas cidades, banhadas pela irretocável luz do verão italiano.  

“Todo o Dinheiro do Mundo”, de Ridley Scott, que narra o rapto do neto do zilionário J. Paul Getty —papel de Christopher Plummer, substituindo Kevin Spacey—, também nos leva à Itália. Mas convém não esperar muito da paisagem: a trama se passa entre palácios luxuosíssimos e pardieiros usados pelos sequestradores.

Alguns filmes propõem viagens no tempo. Vêm todos da Inglaterra os candidatos ao Oscar: “Dunkirk” (sobre o o episódio da retirada de Dunquerque, na Segunda Guerra), “O Destino de uma Nação” (o papel de Churchill na resistência britânica ao nazismo) e “Trama Fantasma” (a Londres do pós-guerra).
Viagens no tempo são talvez o que o cinema pode oferecer de mais único: nos leva ao passado e ao futuro, ao que os mestres da ficção científica imaginaram. Mas são imagens não tão atraentes do ponto de vista turístico.

“Dunkirk” não nos faz conhecer a região de Pas-de-Calais, assim como o metrô de Londres visitado por Churchill no meio do filme não é uma imagem tão fascinante. Mas a oportunidade de ver uma sessão da Câmara dos Comuns, com a agitação, os debates, a disposição peculiar dos deputados (em relação a outros parlamentos) é um aspecto tão interessante no filme quanto os subterrâneos do gabinete de guerra.

Da Londres de “Trama Fantástica” conhecemos mais do que tudo a “maison” do costureiro Reynolds Woodcock. Mas, opa: convém prestar atenção à visita que ele faz à estalagem onde encontra sua musa. A paisagem da estrada é ok. Insuperável será o café da manhã suntuoso que lhe é servido. Eis um filme que não vale ver de barriga vazia.

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