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Fera Palace, hotel de luxo, reconta história de Salvador

Estabelecimento tem vista para a baía de Todos-os-Santos e localização privilegiada

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São Paulo

Bem no centro de Salvador, cravada naquela que ficou conhecida como a primeira rua do Brasil, a rua Chile, uma construção —agora ocupada pelo Fera Palace Hotel— completa nove décadas de existência neste ano.

Nascido para abrigar o famoso Palace Hotel, o prédio inspirado nos arranha-céus que subiam em Nova York na década de 1930 testemunhou períodos de efervescência e decadência da região. Desde sua mais recente abertura, em 2017, depois de ter sido comprado e restaurado pelo grupo Fera Investimentos, retomou a reputação daquele que é tido como o primeiro hotel de luxo da capital baiana.

Fachada do Fera Palace Hotel fica na rua Chile, conhecida como a primeira rua de Salvador - Divulgação/Grupo Fera

O resultado é um negócio com diárias a partir de R$ 1.150,00 (para duas pessoas) que mescla suas referências originais no clássico estilo art déco a influências contemporâneas baianas. São 81 quartos de 18 a 110 m² aconchegantes e iluminados, quatro bares e restaurantes que se debruçam com eficiência sobre as culinárias da Bahia e de países mediterrâneos e um terraço com vista desimpedida para a baía de Todos-os-Santos.

"Assim que adquirimos o prédio do antigo Palace Hotel nós pensamos de imediato em trazer uma proposta inovadora ao prédio", diz o CEO Fera Hotéis Antonio Mazzafera. "Nossa ideia não é apenas ser um local de hospedagem de luxo, mas também oferecer aos nossos hóspedes uma experiência imersiva na cultura e história de Salvador."

Segundo ele, que está à frente da empreitada ao lado de Marcelo Faria Lima, a repaginação buscou manter características históricas, como a fachada —que tem duas centenas de janelas de madeira maciça e adornos típicos—, os elevadores e os pisos de taco originais.

Mas também fez grandes mudanças, como a construção de banheiros em todos os quartos —o hotel original tinha apenas um por andar— e do rooftop com a piscina de 25 metros de comprimento com azulejos portugueses e borda que se confunde com o azul do mar no horizonte. Foi mantida, no entanto, a grande cúpula de cobre do estabelecimento dos anos 1930.

Esta área, com espreguiçadeiras, drinques autorais e comidas leves saindo com rapidez do balcão durante o dia, garante uma das melhores vistas para o pôr do sol de Salvador —e é também uma das melhores partes de se hospedar no Fera.

A Tower Suite, opção de hospedagem no Fera Palace Hotel, em Salvador - Divulgação/Grupo Fera

À noite, hóspedes e visitantes ainda podem aproveitar o menu em etapas pensado por Fabrício Lemos e Lisiane Arouca. Quem quiser comer em ambiente fechado ainda tem a opção de visitar o restaurante Omí, no térreo, que também funciona no café da manhã —excelente e cheio de receitas típicas— e no almoço.

Outro grande trunfo do hotel está do lado de fora, a partir do quarteirão que ele ocupa no encontro da rua Chile com a do Tesouro e a da Ajuda. Em menos de dez minutos de caminhada é possível chegar no Elevador Lacerda e no Pelourinho, duas das maiores marcas turísticas de Salvador.

Também estão a poucos passos dali pontos como a Casa do Carnaval da Bahia, o Mercado Modelo, a Sorveteria Cubana e a praça Castro Alves, que delimita uma das pontas da Chile. O hotel, inclusive, entrega logo no check-in um mapa ilustrado situando os hóspedes em relação a vários pontos importantes.

Imagem externa do então Palace Hotel, hoje reformado e ocupado pelo Fera Palace Hotel - Divulgação/Grupo Fera

Mas a construção do Fera, é, por si só, um ponto turístico —é, no mínimo, um prédio que encapsula todas as mudanças mais importantes que o centro da cidade e que a própria rua, criada junto com o nascimento de Salvador, em 1549, viram acontecer nos últimos 90 anos.

Foi no então Palace, fechado na década de 1970, que se hospedaram figuras como Orson Welles, Carmen Miranda, Pablo Neruda e Grande Otelo. No térreo, o pai do cineasta Glauber Rocha tocava a loja Adamastor e, o cassino do hotel, que funcionou até 1946, foi cenário de Jorge Amado no romance "Dona Flor e Seus Dois Maridos", lançado em 1966.

"Tinha o Rio de Janeiro, capital daquele período, São Paulo, que era o centro financeiro, e Salvador, como essa cidade que tinha relevância principalmente do ponto de vista da cultura e de sua relação com o mar", diz o professor e historiador baiano Rafael Dantas. "A inauguração do hotel vem para dialogar com tentativas de inserir a cidade em um caminho de modernidade e de abrir o espaço para as atividades turísticas", diz

Dantas conta que o Palace acabou virou um dos símbolos dessa ebulição. "O hotel virou uma referência do ponto de vista de hospedagem não só de Salvador, mas de uma região em que as coisas aconteciam. O comércio ficava ali, as pessoas chegavam de navio, visitavam as igrejas, faziam festas no cassino e Carnaval", conta.

O Omí, restaurante que fica no térreo do Fera Palace Hotel, em Salvador, e é comandado pelos chefs Fabrício Lemos e Lisiane Arouca - Divulgação/Grupo Fera

Depois das décadas de glória, o deslocamento do centro financeiro da cidade e a construção de shopping centers em outros pontos contribuíram para o fim do protagonismo da região.

Nos anos 1990 há um forte investimento do governo estadual, que ajuda a recuperar igrejas e outras construções históricas. O interesse da dupla de empresários do Fera, que comprou o antigo hotel em 2012, vem na esteira disso.

O retorno do Palace promovido pelo Fera se estende aos poucos para fora de sua imponente estrutura. Em 2018, o Fasano inaugurou a primeira unidade nordestina do grupo também num prédio histórico, que foi sede do jornal A Tarde até 1975. E o Palácio Rio Branco, também na vizinhança, sediará uma unidade da rede de luxo Rosewood.

Fera Palace Hotel - r. Chile, 20, Centro. Salvador (BA). Diárias a partir de R$ 1.150,00 (para duas pessoas na categoria standard com café da manhã)

A repórter se hospedou a convite do Fera Palace Hotel

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