Jairo Marques

Assim como você

Jairo Marques - Jairo Marques
Jairo Marques

Por que as paralimpíadas registram tantos recordes?

Se ter uma deficiência a uma década atrás era sinal de vida perdida, nos últimos anos se ampliou pressão por naturalização de ser diverso

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Se as chances de quebra de recordes, principalmente olímpicos e mundiais, têm margens cada vez mais estreitas em Olimpíadas, o completo oposto acontece durante os Jogos Paralímpicos, que também apresentam em cada nova edição ineditismo no tamanho de delegações e de participações, além de outros índices que recontam histórias.

Em Paris, em cinco dias de competições, foram pelo menos 55 quebras de marcas do mundo ou paralímpicas —com cerca da metade do total de competidores olímpicos—, da natação ao tiro com arco. E a perspectiva de ampliação de resultados ainda melhores só cresce. Mas, por qual razão?

A imagem mostra Yunqiang Dai, da China, celebrando após vencer a final masculina dos 400 metros T54 nas Paralimpíadas de Paris 2024. Ele está segurando a bandeira da China e posando ao lado de um painel eletrônico que exibe o resultado da corrida. O painel mostra "Men's 400m," "NEW PR" (novo recorde), "CHN," o tempo de "44.55" e o nome "DAI YUNQIANG." Yunqiang Dai está em sua cadeira de rodas de corrida, com um sorriso no rosto, comemorando
Yunqiang Dai, da China, comemora após ganhar a medalha de ouro e estabelecer um novo recorde nos 400 metros masculino do Paraciclismo classe T54 - Stephanie Lecocq/Reuters

Primeiramente, há uma questão social que se modifica e evolui. Se ter uma deficiência, a uma década atrás, era sinal de fracasso, de vida perdida, de falta de esperança, cresceu nos últimos anos a pressão por inclusão e por naturalização de ser diverso em aspectos físicos, sensoriais e intelectuais.

Novas potências começaram a se destacar no esporte, exibindo seus feitos em corpos de formas não convencionais. Antes, essas pessoas tinham vergonha de se expor e medo de se tornarem alvos de capacitismo —o preconceito contra pessoas com deficiência— além de enfrentarem barreiras arquitetônicas e de acessibilidade que dificultavam sua participação. Nada disso desapareceu, mas, sem dúvidas, se amenizou.

Também uma rede mais extensa, capaz de buscar talentos fora dos grandes centros, trouxe, não só ao Brasil, mas a outras equipes do mundo, pessoas que se desenvolveram muito rapidamente e com resultados de impacto em modalidades paralímpicas.

Como a profissionalização e o alto rendimento nos Jogos são aspectos relativamente recentes, quem vai entrando, bem preparado, bem amparado, tem possibilidades de atingir grandes resultados em um ou dois ciclos paralímpicos.

O próprio aperfeiçoamento das dinâmicas físicas de atletas com deficiência --com tecnologia, com técnica e com profissionais hábeis-- cria atmosfera para que marcas sejam refeitas a cada grande evento planetário.

Esses fatores não estão ligados diretamente à idade dos competidores, o que faz com que as Paralimpíadas abriguem esportistas de 50, 60 e quase 70 anos. Isso porque a vida de competições pode ter começado mais tarde, após uma mudança no curso pelo surgimento de uma deficiência.

Mesmo que cresça a cada evento o número de participantes paralímpicos, o terreno para comportar gente ainda é amplo, o que deve se transformar muito em próximas edições.

Por enquanto, é comum um atleta estar em três, quatro jogos. A nadadora brasileira Edênia Garcia, por exemplo, está em sua sexta paralimpíada, e com chances de medalha. Tomara que quebre recorde.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.