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Café na Prensa - David Lucena
David Lucena

Gigante da indústria de café e ONG anunciam medidas contra desmatamento

Fairtrade atualiza padrões para atender a exigências de nova norma europeia, e JDE Peet's ajudará países a rastrear cultivo

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São Paulo

Grandes empresas do setor cafeeiro e organizações internacionais anunciaram algumas medidas concretas na área de sustentabilidade socioambiental, em raros gestos que vão além da mera retórica ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança, da sigla em inglês).

A Fairtrade International atualizou seus padrões para expandir a prevenção ao desmatamento. A partir de agora, a organização passa a exigir que produtores e exportadores certificados "fortaleçam a prevenção, o monitoramento e a mitigação do desmatamento".

Visto do alto, homem de chapéu espalha grãos de café no chão
Funcionário trabalha na secagem de café em fazenda no interior de São Paulo - Eduardo Anizelli/Folhapress

Ainda segundo a Fairtrade, as novas normas atendem e em alguns casos vão além dos requisitos estabelecidos pelo Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR), que proíbe a importação de produtos provenientes de áreas com desmatamento identificado até dezembro de 2020.

O novo padrão exige que as cooperativas de café desenvolvam um plano de prevenção e mitigação. Além disso, devem realizar o monitoramento do desmatamento, o qual, segundo a organização, será facilitado por uma plataforma de satélite fornecida pela própria Fairtrade.

Também nesta semana, a JDE Peet’s, gigante do setor que detém várias marcas ao redor do mundo, anunciou o lançamento de um programa para combater o desmatamento relacionado ao café em vários países.

A empresa, que no Brasil é dona de rótulos como Pilão e L'Or, fez uma parceria com a plataforma de sustentabilidade Enveritas para adotar uma estratégia que envolve imagens de satélite, inteligência artificial e verificação in loco.

Dona de um faturamento de US$ 8,2 bilhões (R$ 40,7 bilhões) em 2022, a JDE Peet's diz que o objetivo da medida é permitir "que operadores locais, governos, ONGs e agricultores mitiguem melhor seus riscos de desmatamento".

Inicialmente, o projeto deve se restringir a Vietnã, Etiópia, Papua Nova Guiné, Tanzânia e Uganda, mas a JDE diz esperar estender a parceria para mais países nos próximos meses.

O projeto utiliza o mesmo recorte temporal da norma europeia. Assim, visa garantir que o café exportado não tenha sido cultivado em área desmatada após 2020.

A empresa diz ainda que, "se o café não cumprir estes requisitos, a JDE Peet’s apoiará as autoridades locais, ONG e agricultores a reflorestarem as terras". Não está claro, contudo, como esse apoio será feito.

Como publicado pelo Café na Prensa, a norma antidesmatamento aprovada pela União Europeia desencadeou uma corrida por rastreabilidade na cafeicultura. Isto porque a lei estabelece requisitos como a obrigatoriedade de comprovar que o produto não foi cultivado em área desmatada após dezembro de 2020.

Aprovada no ano passado, ela passa a vigorar a partir de 30 de dezembro deste ano. Especialistas dizem que o Brasil é um dos países com melhores condições de se adaptar às exigências do bloco europeu, uma vez que tem fazendas mais estruturadas do que países da América Central e da África.

Ainda na área ESG, a Costa Coffee, maior rede de cafeterias do Reino Unido e uma das maiores do mundo, anunciou na quinta-feira (15) uma atualização em suas práticas trabalhistas. A empresa decidiu aumentar o piso salarial dos seus baristas em 9% a partir de abril.

Com isso, os profissionais que atuam nas mais de 1.500 lojas em solo britânico terão direito a uma remuneração mínima de 12 libras esterlinas (R$ 75) por hora. A empresa diz que, ao todo, 15 mil profissionais serão contemplados pela medida.

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