Após intensa pressão, o relator da revisão do Plano Diretor de São Paulo, Rodrigo Goulart (PSD), decidiu alterar o polêmico texto que ampliava em 178% a área de verticalização em volta de estações do Metrô. A mudança, contudo, não elimina prejuízos que a falta de planejamento pode trazer.
A nova versão do texto foi anunciada 5 horas após a Folha publicar o alerta de "caos urbano", dado pelo engenheiro de transportes Luis Fernando Di Pierro.
Mesmo com a última alteração, que amplia em 78% a área permitida para prédios altos, Di Pierro insiste que os prejuízos são iminentes. "Em nenhum momento se fala em análise da capacidade de suporte da região afetada pela densificação. Se não fizermos nada agora, vamos ter que conviver com um grande problema para sempre", disse o engenheiro.
Para ele, a falta de um EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança —instrumento previsto em lei), e de um projeto de reconfiguração do sistema de transporte inviabilizam qualquer proposta de modificação do Plano Diretor.
"Outro equívoco grave, para não dizer ingênuo, é generalizar as condições urbanísticas dos territórios afetados", disse ao lembrar da diversidade social e geográfica de São Paulo. "Estabelecer um raio fixo para todas as estações é ignorar os aspectos urbanísticos de cada uma".
O engenheiro ainda indica que a proposta está desperdiçando a expertise que o próprio Metrô tem em quantificar as possibilidades de mudança, o que indica a fragilidade do texto apresentado nesta segunda-feira por Goulart. Para Di Pierro, essa expertise deveria ser usada para calcular uma sobretaxação de novas garagens, contrapondo a proposta de gratuidade presente na nova revisão.
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