Intuitivamente, acreditamos que um ativo que oscila tem mais risco que aquele que não oscila. Entretanto, o risco não pode ser medido apenas por esta característica. Explico qual risco o investidor deve ponderar mais na renda fixa e porque um ativo com maior oscilação pode ter menos risco.
A medida de volatilidade, ou seja, dispersão dos retornos é comumente usada para estimação de risco dos ativos. No entanto, quando o assunto é renda fixa, ela pode não ser a mais adequada em alguns casos.
O fato de não oscilar negativamente, pode ser apenas a característica de marcação dos preços.
O investidor brasileiro se acostumou mal com os ativos bancários, como CDB, LCI e LCA. Estes sempre foram marcados na curva de aquisição. Isso quer dizer que todos os dias, seu preço na carteira é o teórico, ou seja, atualizado pelo cálculo do ajuste da rentabilidade contratada.
Estes também possuem a vantagem de possuírem a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Portanto, eles estão seguros contra o pior risco de títulos de renda fixa.
Os títulos privados emitidos por empresas, como debêntures, CRI e CRA também podem ser marcados na curva. Essa característica tem data para encerrar, mas vou deixar para comentar isso em outro momento.
A diferença é que os títulos privados emitidos por empresas não possuem a garantia do FGC. Portanto, o cuidado com eles deve ser redobrado.
O maior risco de um título de renda fixa não é o de variação, mas é o emissor do título não honrar com seu pagamento. Neste caso, é possível que se perca até 100% do que se investiu.
O risco em alguns casos é superior ao de se investir em um fundo de ações diversificado, pois neste caso a probabilidade de se perder 100% é baixíssima. Mas, o fundo vai oscilar muito mais.
Eu sei que comparar com um fundo de ações não é adequado, mas sim com fundos de renda fixa de crédito privado.
De forma errada, investidores costumam preferir menor volatilidade a menor risco de crédito. Mas, este último risco é muito pior.
Os fundos de renda fixa de crédito privado podem oscilar negativamente. Mas eles têm duas vantagens sobre um título de crédito privado avulso. Sua pulverização e o acompanhamento por uma equipe especializada mitigam o risco de o investidor ter possíveis perdas de crédito.
Assim, cuidado ao comparar apenas o retorno e oscilação dos fundos de crédito privado com os de títulos de crédito privado marcados na curva em sua carteira.
No fundo de investimento, você sabe exatamente o retorno que tem e o preço dos títulos já está ajustado ao risco de crédito. Enquanto no título de crédito privado, você pode estar iludido pela estabilidade do retorno e só descobrir a realidade quando o pior já ocorreu.
Comenta aqui se você conhece alguém que já sofreu com inadimplência em título de crédito privado.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor
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