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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Não tenha qualquer assessor de investimentos

A escolha do assessor de investimentos adequado depende de seu tipo de investidor

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Nos últimos anos, junto com o crescimento das plataformas de investimentos digitais, o número de assessores de investimentos se multiplicou. O crescimento atende a uma demanda de investidores ávidos por produtos financeiros mais sofisticados. Entretanto, será que vale a pena ter qualquer assessor?

Eu, Michael Viriato, no escritório da Casa do Investidor.
Eu, Michael Viriato, no escritório da Casa do Investidor. - Michael Viriato

Recebo este questionamento com frequência.

Sei que alguém vai comentar: sua opinião é viesada. Sim, afinal, qual opinião não é viesada?

Confesso que eu já sou assessor de investimentos por mais de 10 anos. Mas, me considero imparcial para comentar. E você vai entender meu argumento e explicação porque você não deve ter qualquer assessor.

Colocando em perspectiva, já fui analista de investimentos, gestor de fundos de renda fixa, de fundos de ações e de multimercados. Entendo o que cada um faz, pois já atuei como tal. Sei bem dos potenciais sucessos e frustrações que cada um destes profissionais enfrenta. Assim como, de seus potenciais conflitos.

E é sobre conflito que vou falar.

Muitos argumentam que não vale ter um assessor por haver potenciais conflitos de interesse. Se realmente você acredita que não deve contratar um profissional por causa disto, sua vida vai ser difícil.

Sim, todas as áreas de atuação possuem algum potencial conflito.

Até mesmo CEOs de empresas possuem potencial conflito. Um dos casos de estudo de finanças corporativas é o chamado Agency Problem. Ele estuda os potenciais conflitos entre diretores de empresas e acionistas, entre credores e acionistas e entre acionistas e stakeholders.

Não se iluda, há potenciais conflitos em qualquer tipo de relacionamento.

Logo, esta não é a razão pela qual você não deveria ter um assessor de investimentos.

O importante é entender qual o assessor adequado para você. Por isso você não deveria ter qualquer assessor. Você precisa escolher bem.

Sei que vários assessores, possivelmente, irão ficar com raiva do que eu vou falar.

Acredito que há dois tipos de assessores:

O primeiro assessor, eu vou chamar de assessor vendedor. Este é aquele que quer apenas vender produtos. Seu objetivo é a venda massiva de produtos. Você vai identificá-lo de forma simples. Frequentemente, ele te liga, ou entra em contato oferecendo um produto novo ou alguma troca na carteira. Parece até que ele está te dando muita atenção, mas seu objetivo é a venda. Este assessor é cobrado por vender mais.

O segundo assessor, eu vou chamar de assessor consultivo. Não porque ele faça consultoria, mas por causa do papel que ele exerce em educar o investidor e no entendimento deste. Este entra em contato com menos frequência, afinal, não é adequado ficar alterando o portfólio com frequência. Este assessor é cobrado por servir melhor ao cliente.

Não acho que um assessor esteja certo e o outro errado. Cada um exerce seu papel.

O problema ocorre quando a expectativa do investidor quanto ao assessor não condiz com a atuação dele. Daí ocorre a frustração e começa a discussão de acreditar que o problema é o potencial conflito.

Para entender isso, vou separar os investidores, também, em dois tipos.

Há investidores que querem receber informações de qualquer produto novo e se possível de todos. Estes investidores têm capacidade, eles mesmos, de decidir sobre a adequação de um produto ao seu perfil. Eles são capazes de analisar o retorno por risco de cada produto, acompanham a economia, as mudanças de cenário e sabem bem quais riscos estão correndo.

Estes não necessariamente são os investidores mais experientes, mas eles querem ter todo o controle e não desejam ter qualquer filtro sobre adequação de produtos à carteira e ao mercado do momento. Eles querem receber ideias, nem que elas façam pouco sentido para a carteira.

Para estes investidores, possivelmente, o assessor vendedor seja o mais adequado.

O segundo tipo de investidor é aquele que prefere que um profissional realize um filtro na adequação sobre os produtos, que analise seu perfil e entenda das mudanças de seu ciclo de vida, que o alerte se há alguma exposição exagerada a um produto ou risco, que chame sua atenção sobre mudanças de cenários econômicos e seus possíveis impactos, ou seja, que realize uma assessoria de forma a tirar, dele investidor, toda a carga e tempo demandado na carteira de investimentos.

Para estes investidores, com certeza, o assessor consultivo é o mais adequado.

Perceba o problema quando um investidor que espera um assessor consultivo se depara com um assessor vendedor. O investidor vai investir em tudo o que o assessor recomenda, pois espera que este realize um filtro. Já o assessor segue vendendo tudo, pois acredita que o investidor que está realizando o filtro. A falha na escolha pode sair caro para o investidor que acaba culpando o assessor.

Portanto, não tenha qualquer assessor. Tenha aquele que é mais adequado ao seu tipo de investidor.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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