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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Entenda se é melhor ter previdência privada de renda fixa, multimercado ou de ações

A escolha está relacionada ao benefício da ausência de come cotas em previdência privada

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Frequentemente sou questionado se é melhor ter renda fixa ou renda variável na parcela de previdência privada. A dúvida é pertinente, pois previdência tem um caráter de aplicação de longo prazo. Logo, haveria um viés para maior risco, ou seja, ações. Entretanto, a melhor resposta não é necessariamente essa.

Um dos benefícios da previdência privada é a ausência de come cotas e isso justifica a escolha do que aplicar em previdência privada. Santiago/Getty Images/AFP (Photo by Michael M. Santiago / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP) - Getty Images via AFP

Vou colocar uma questão para testar seu conhecimento antes.

Suponha que você tem uma carteira que possui 60% em títulos e fundos de renda fixa, 20% em fundos multimercados, 10% em fundos de ações nacionais e internacionais e 10 % em fundos imobiliários.

Se você tem 10% de todo seu portfólio em previdência privada, qual das classes de ativos faria mais sentido você ter na previdência privada?
a) fundos de renda fixa;
b) fundos multimercados;
c) fundos de ações;
d) fundos imobiliários.

Muitos planejadores financeiros e influenciadores digitais argumentam que o mais adequado é alocar na previdência a parcela de risco, ou seja, a de ações.

A falha nesta seleção costuma ocorrer, pois a maioria dos investidores avalia a carteira de forma segmentada. Ou seja, pensa na "caixa" de previdência como algo segregado de seu portfólio total.

Também, existe a falha de entendimento do que é o produto de previdência privada e como ele se insere no seu portfólio total. Vamos começar com este esclarecimento.

Previdência privada não é um produto para desfrutar aposentadoria. Ele é apenas um veículo de acumulação de patrimônio que possui benefícios fiscais. Aplicações tradicionais não possuem os benefícios fiscais da previdência, mas não deixam de ser, também, uma forma de você poupar para aposentadoria.

Portanto, você sempre precisa pensar em sua carteira como um todo. Seu portfólio inteiro é o veículo de acumulação para a aposentadoria e não apenas a parte que aplicou em previdência privada.

Desta forma, a escolha não está relacionada ao prazo e ao veículo, mas em como você economiza mais IR.

O benefício fiscal é exatamente a justificativa para selecionar a classe de ativo mais adequada.

O imposto de renda em fundos de ações só é retido no momento do resgate. Portanto, você não tem a antecipação de IR, chamada de "come cotas".

Essa antecipação de IR reduz o potencial de ganhos no longo prazo e ela ocorre apenas em fundos de renda fixa e fundos multimercado.

Entretanto, na previdência privada, você não possui come cotas, mesmo que aplique em renda fixa e multimercado dentro dela.

Portanto, o mais indicado seria alocar na previdência exatamente estas classes de ativos que estão sujeitas ao como cotas, ou seja, fundos de renda fixa e multimercados.

Assim, você fica livre da antecipação de IR sobre elas.

A diferença é considerável quando avaliamos em um prazo de 20 anos.

Por exemplo, considere que aplicou R$ 50 mil em um fundo multimercado com expectativa de render 12% ao ano pelos próximos 20 anos. Depois deste prazo, você terá acumulado R$ 346,1 mil.

Entretanto, se aplicou no mesmo produto por meio de um VGBL, você terá ao final dos 20 anos o valor de R$ 439,1 mil. Quase um terço a mais que no caso anterior.

Não estou dizendo que não se deva ter produto de previdência em ações, tampouco que renda fixa ou multimercado vai render mais que ações. Eu mesmo tive em alguns momentos previdências em ações. Entretanto, o maior benefício é capturado se a previdência está aplicada na classe de multimercado ou de renda fixa.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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