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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Descubra o que ocorre com uma carteira de ações quando você adiciona dólar

O efeito do câmbio em uma carteira de ações é diferente daquele em uma carteira de renda fixa

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A maioria dos investidores confunde como usar o câmbio como proteção no portfólio. Há cerca de duas semanas escrevi um artigo explicando o que ocorre com uma carteira de renda fixa quando adicionamos dólar. Naquele momento, mostrei como é errada a visão de que a adição de dólar protege um portfólio de renda fixa. Naquele caso, mostrei que o portfólio perde retorno e seu risco se eleva. Justamente um efeito contrário ao desejado. Explico agora qual a consequência da adição da variável dólar a uma carteira de ações.

O efeito do câmbio em uma carteira de ações é diferente daquele em uma carteira de renda fixa. Michael M. Santiago/Getty Images/AFP (Photo by Michael M. Santiago / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP) - Getty Images via AFP

Para exemplificar o efeito do câmbio na carteira, simulei o retorno em duas situações nas últimas duas décadas. A adição de dólar em uma carteira de ações brasileiras e a um portfólio de ações americanas.

Para isso, usei os retornos mensais do Ibovespa como a carteira de ações brasileira e o S&P500 como a carteira de ações americanas.

Retorno médio anual Risco Retorno/ risco
Dólar 2,87% 15,7% 0,18
Ibovespa 10,29% 22,8% 0,45
S&P500 7,54% 14,8% 0,51

Nas últimas duas décadas, o retorno médio ao ano, o risco medido pela volatilidade e a razão de retorno por risco para as três variáveis (câmbio Real/ dólar, Ibovespa e S&P500) são apresentados na tabela acima.

Perceba como o dólar é um instrumento de risco. Seu risco é maior que o de ações americanas. Entretanto, seu retorno anual médio nos últimos 20 anos foi de apenas 2,87% ao ano.

Ao contrário do portfólio de renda fixa, a adição do câmbio às duas carteiras de ações tem dois benefícios. Além de o retorno resultante ser maior em ambos, o risco da carteira agregada ficou menor no caso do investimento nas ações brasileiras. Adicionalmente, em ambas as carteiras de ações a razão de retorno por risco fica melhor com a adição do câmbio do que no caso anterior.

Quando se tem ativos de risco, há um benefício em se adicionar ativos não correlacionados, como é o caso das ações com o dólar. Muitas vezes, quando o retorno de um é positivo, o do outro é negativo. Assim, a oscilação dos retornos é reduzida e melhora-se a razão de retorno por risco.

A tabela abaixo apresenta a média de retorno anual, o risco e a razão de retorno por risco no caso da carteira agregada Ibovespa com dólar e S&P500 com dólar.

Retorno médio anual Risco Retorno/ risco
Ibovespa c/ Dólar 13,46% 17,9% 0,75
S&P500 c/ Dólar 10,63% 16,3% 0,65
Evolução do investimento de R$10 mil em 2003 no Ibovespa e em uma carteira com Ibovespa e dólar.
Evolução do investimento de R$10 mil em 2003 no Ibovespa e em uma carteira com Ibovespa e dólar. - Michael Viriato

No gráfico acima, apresento a evolução de um investimento de R$ 10.000 em setembro de 2003 no Ibovespa (linha vermelha) e em uma carteira agregada do Ibovespa com dólar (linha azul).

Portanto, o dólar serve como proteção se você tem uma carteira de ativos de risco como ações. Mas, pode ter efeito desfavorável, se você é um investidor conservador e tem uma carteira apenas de renda fixa.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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