A associação mentirosa feita por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que liga um boné usado por Lula (PT) durante um ato no Rio a grupos criminosos, foi descrita como preconceituosa e racista por internautas, entre eles moradores da região.

Em evento de campanha no Complexo do Alemão nesta quarta (12), o petista vestiu um chapéu com a sigla "CPX", abreviação de "complexo" e que costuma ser empregada para descrever conjuntos de comunidades da região.

Apoiadores e políticos ligados ao atual presidente, como Flávio Bolsonaro (PL), André Porciúncula e Carla Zambelli (PL), passaram a espalhar, em posts, que o termo era uma gíria usada por traficantes de drogas e facções criminosas para se referir a "parceiro de crime", segundo os conteúdos falsos.

Zambelli, por exemplo, postou uma montagem que afirma que o petista foi ao "QG do Comando Vermelho" ao visitar a comunidade.

A palavra "cupincha", que na verdade se escreve com "ch", é definida pelo dicionário Michaelis como "indivíduo com quem se mantém estreita relação de amizade; camarada. Parceiro de alguém em algo; comparsa".

O assunto ficou entre os mais comentados do Twitter nesta quinta (13), puxado por bolsonaristas, de um lado, e criticado por perfis de esquerda e de moradores do Rio do outro.

"Associar abreviação das favelas ao crime é o mais puro preconceito, covardia e falta de caráter!", postou um perfil. "Dizer que CPX é coisa de traficantes, é chamar minha família toda de traficante", afirmou outra internauta. "A fake news da sigla CPX só alastrou porque nela continha racismo. Juntar preto pobre favelado ao crime cola muito bem nessa sociedade doente", diz um post

Rene Silva, fundador do jornal Voz das Comunidades, que atua no Alemão e que esteve ao lado de Lula no evento, tuitou que a associação feita por bolsonaristas é "criminosa". Ele lembrou em seu perfil que a sigla também utilizada pela polícia militar do estado.

O comunicador ainda propôs o uso da frase "CPX MERECE RESPEITO" como forma de demonstrar apoio ao ato de Lula e respeito às comunidades do Rio.