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Apesar de proibição, PMs de SP ostentam armas e comentam operações nas redes

Agentes acumulam milhares de seguidores e visualizações; OUTRO LADO: SSP-SP diz que mau uso das redes é apurado

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São Paulo

Policiais militares do estado de São Paulo mantêm em seus perfis nas redes sociais vídeos e fotos exibindo armas, fardas, viaturas, equipamentos, instalações e insígnias, além de imagens de abordagens e enquadros, embora tais condutas sejam proibidas pela corporação.

Os agentes, que acumulam milhares de seguidores nas plataformas, também comentam ações da polícia, falam sobre procedimentos, compartilham conteúdo com opiniões político-partidárias e criticam autoridades, outras práticas vetadas pela PMESP (Polícia Militar do Estado de São Paulo).

É o caso, por exemplo, do soldado Samuel Lopes. Com pinta de influencer, ele publica imagens fardado e mostrando viaturas, durante o expediente, para os seus mais de 130 mil seguidores no TikTok. Lopes também responde a críticas de usuários, condena decisões sobre segurança pública e chega a xingar autoridades.

Montagem traz perfis de três agentes da PM de SP no TikTok, que têm milhares de seguidores
Agentes da PM acumulam milhares de seguidores no TikTok - Reprodução/TikTok

Em um de seus vídeos, ele conta que certa vez levou uma bronca do Secretário de Segurança Pública da gestão Dória, o general do Exército João Camilo Pires de Campos, por estar com uma jaqueta automobilística sobre a farda, fora de serviço.

Ele afirma que Campos foi arrogante, presunçoso e autoritário na abordagem e diz que ele era "incompetente" à frente da secretaria. Também diz que, se o general se sentir incomodado com o vídeo, deve acioná-lo na Justiça.

Igualmente popular é o sargento Castro, que é subtenente da reserva desde 2015, embora se identifique nas redes com a antiga patente. Ele aparece fardado e aponta a arma para a câmera na foto de seus perfis no Instagram e no TikTok. Na rede da ByteDance, ele é seguido por mais de 120 mil usuários.

Nos últimos dias, Castro publicou vídeos sobre a operação que deixou 16 mortos no Guarujá, desencadeada após o policial da Rota (Rondas Ostentsivas Tobias de Aguiar) Patrick Bastos Reis ser morto em uma ataque na comunidade Vila Zilda.

Num deles, o agente afirma, aos gritos, que o papel da PM não é fazer policiamento ostensivo. "Isso é o que está no papel. A função da PM é atrasar lado de vagabundo, de ladrão [...] Você está com câmera? Foda-se. Vai lá, pega o cara, aborda. Tá errado? DP. Reagiu? Saco. Manda para o inferno".

Questionado pelo #Hashtag pelas redes sociais sobre o descumprimento das regras, Castro afirmou: "Nada a declarar para vocês, faz o L."

Grande parte dos vídeos divulgados pelos PMs são recortes de gravações de entrevistas para podcasts voltados ao universo policial, criados, às vezes, pelos próprios agentes. Neles, os servidores expõem ocorrências com detalhes, apesar de a corporação proibir a publicidade de informações sobre ações da polícia sem o crivo dos canais oficiais de comunicação.

Um exemplo é "Operação Lotus", do sargento Cavalcanti, membro da Rota por 25 anos. O canal do podcast no YouTube tem mais de 400 vídeos e 61 mil seguidores. O atual secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite também mantém na plataforma mais de 200 vídeos de seu podcast, "Papo de Rota". A diretriz da PM veta seus servidores de usarem os nomes e siglas de suas organizações nas mídias sociais.

A diretriz que rege o comportamento dos policiais nas redes foi publicada em dezembro de 2021 e determina que os servidores da PM que descumprirem suas regras terão sua conduta apurada "à luz do Regulamento Disciplinar da Polícia Militar, Código Penal e Código Penal Militar". Embora não seja claro em relação a servidores que exercem cargos políticos, o texto diz que as regras valem tanto para agentes na ativa quanto para veteranos ou agregados.

A resolução foi divulgada após policiais civis e militares passarem a utilizar a imagem da corporação para crescer nas redes sociais, alguns deles com objetivo de pavimentar o caminho para campanhas políticas para as eleições de 2022.

Ainda assim a estratégia foi de fato usada por alguns nomes da corporação para estrear ou continuar na política.

Exemplo é o do sargento Nantes, cujos vídeos durante a campanha mostravam o servidor fardado e armado, junto ao seu número nas urnas. Com mais de 190 mil seguidores no TikTok e 420 mil no Instagram, ele foi eleito suplente para a Câmara dos Deputados pelo Progressistas.

Em nota, a Secretaria de Segurança afirma que o mau uso das redes sociais por policiais é apurado de acordo com o regulamento disciplinar da Polícia Militar, Código Penal e Código Penal Militar. "A normatização de 2021 visa proporcionar aos policiais o melhor uso das vias digitais objetivando a segurança pessoal dos profissionais e familiares", diz o texto.

A nota também afirma que na ocasião da publicação da diretriz citada pela reportagem, o secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite exercia o cargo de deputado federal.

O #Hashtag enviou uma mensagem para o sargento Cavalcanti com questionamentos sobre o desrespeito à diretriz pelo Instagram. Pouco depois, a conta apareceu como desativada. Nantes e Lopes não responderam às mensagens enviadas pelo blog.

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