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Por que ainda usamos o X (ex-Twitter)?

Hábito é uma coisa difícil de mudar à força, como ficou evidente na criação do Threads, da Meta

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Montevidéu

Entrevistado na newsletter Embedded, o escritor da New York Magazine Shawn McCreesh foi questionado se encontrou alguma alternativa ao X (ex-Twitter).

"Eu não acredito que haja uma alternativa ao Twitter. Lembra como, quando Trump foi banido, a extrema direita bradou que iria abandonar o Twitter pelo Truth Social? Claro que não fizeram. Nem os progressistas que gritaram, depois de Elon Musk comprar o Twitter, sobre BlueSky, Post ou qualquer outra rede. Aqueles que alegam que irão fazer são aqueles que não conseguem sair. Deus os abençoe", disse.

Em setembro de 2023, o Twitter tinha 245 milhões de usuários ativos diários, apenas ligeiramente menor do que os 259 milhões de novembro de 2022, quando se efetivou a compra da plataforma por Elon Musk, e 12% maior do que os 217 milhões do último trimestre de 2021.

Dado Ruvic/Reuters

Mas por que, à direita e à esquerda, continuamos no X?

Primeiro, é importante pontuar que o Twitter é uma rede de nicho, frequentada por jornalistas, escritores, ativistas, economistas, pesquisadores. Há adolescentes, há profissionais de saúde, há de tudo um pouco, mas vai ser sempre uma minoria.

O Brasil, por exemplo, possui cerca de 19 milhões de usuários ativos mensais no Twitter. Os números das outras redes são bem maiores: Youtube, 142 milhões, Instagram, 113,5 milhões, e Facebook, 109,1 milhões. Nessas redes, sim, parcela expressiva dos brasileiros com acesso à internet estão presentes.

E sempre foi assim. Embora o Twitter tenha crescido em importância nos anos Trump e Bolsonaro, que usavam a plataforma como uma espécie de diário oficial, a base de usuários nunca cresceu significativamente.

As coisas acontecem no Twitter e vão para outras redes sociais e sites de notícias. É praticamente impossível abrir o feed do Instagram e não encontrar um meme ou uma frase originária do Twitter. O ecossistema do Twitter sempre facilitou esse compartilhamento instantâneo. E o jornalismo cumpre esse papel de leitura, interpretação e transporte do Twitter para o leitor não usuário.

E hábito é uma coisa difícil de mudar à força, como ficou evidente na criação do Threads, da Meta, que tentou ser o novo Twitter mas fracassou, mesmo usando o Instagram e seu 1 bilhão de usuários para crescer instantaneamente. Houve o boom nos primeiros dias, mas em poucos meses ninguém mais parecia lembrar da nova rede.

Quando algo ruim acontece no Twitter, como Shawn McCreesh descreveu, os impactados criam um movimento de manada para migrar para outras redes, infinitas reportagens com títulos "veja alternativas ao Twitter" são publicadas, e, de novo, o Twitter continua soberano.

Analisemos o caso do Mastodon, cujo barulho nos primeiros dias pós Elon Musk foi estrondoso. Tem, atualmente, apenas 1,8 milhão de usuários ativos, ou 10% dos usuários ativos do Twitter só no Brasil. É seis vezes mais do que o Mastodon possuía antes de outubro de 2022, mas ainda assim um número pequeno para ser considerado "o novo Twitter".

Como nunca houve um novo Pelé, nunca vai haver um novo Twitter. As redes estão desfragmentadas e a última grande novidade ainda é o TikTok, plataforma chinesa com mais de 1 bilhão de usuários e alcance global.

A história das redes lembra a dos impérios, com ascensão, auge e declínio. MySpace, Orkut, MSN, ICQ e tantas outras já ficaram para trás. Se um dia o Twitter deixar de ser relevante, nós provavelmente nem teremos percebido, porque já não o usaremos mais.

A aquisição de Musk poderá, sim, ter influência nesse processo, mas não será imediato. Ainda usaremos o Twitter por uns anos.

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