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Conheça Lilian Farrish, influencer que discute arte e política

Paixão por arte começou com o pai e se concretizou quando criadora foi à exposição e viu pessoas negras representadas como realeza pela primeira vez

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São Paulo

Lilian Farrish estreou nas redes sociais falando sobre arte em julho de 2020, quatro meses após a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarar pandemia de Covid-19. Àquela altura, houve uma profusão de vídeos em que artistas, veteranos e iniciantes, mostravam suas técnicas e processos criativos. Já Lilian, que sentia saudade de se reunir com os amigos, escolheu um caminho diferente: quis produzir vídeos para discutir arte, em especial as relações entre arte e política.

Quatro anos depois, aos 31 anos, a criadora reconhece que sua paixão por esses temas tem origem na relação íntima que construiu com seu pai e a música ainda na infância. Quando pequena, ela e Luiz Aparecido passavam o tempo juntos tocando e cantando.

"Isso sempre foi uma conexão muito forte entre nós. Depois ele adoeceu e já não tinha mais fôlego, então era eu quem cantava para ele", conta ao blog #Hashtag.

Seu pai morreu em 2000, aos 40 anos, de câncer pulmonar, quando Lilian tinha oito. Enquanto crescia, redescobriu gostos em comum com ele, e a música a levou para o caminho das artes. "Para mim a arte é o que conecta as pessoas", afirma.

Montagem mostra reprodução de seis telas em duas fileiras de três prints cada. Segunda imagem da parte superior da montagem mostra Lilian Farrish, uma mulher negra que aparece sentada de frente para a foto.
A influencer Lilian Farrish mistura arte com política nas redes sociais - Reprodução/Redes Sociais

Além disso, Lilian reconhece o impacto que sua primeira viagem para fora do Brasil teve em sua conexão com o assunto. Ao visitar uma exposição no Brooklyn, em Nova York, viu pessoas negras representadas como realeza pela primeira vez, e isso mudou suas perspectivas.

"Foi como se uma cratera tivesse se aberto no chão à minha frente. Eu entendi que me sinto mal quando vejo coisas históricas porque as pessoas negras estão sempre em lugares de serviço. Artes assim mudam nossa forma de nos enxergar e isso é muito potente", diz.

Hoje, a paulista que vive no Rio de Janeiro, reúne mais de 100 mil seguidores no TikTok, onde se lançou, e seus vídeos têm mais de 5 milhões de curtidas. No Instagram, são 116 mil seguidores.

Para Lilian, a dimensão política da arte mantém as pessoas fechadas para opiniões contrárias. Até seu próprio público espera que ela tenha um determinado olhar sobre alguns temas.

A guerra entre Israel e o Hamas foi um desses casos. Ao abordar o tema por meio de uma instalação em que o artista francês JR expôs fotos gigantes de israelenses e palestinos que têm as mesmas profissões, lado a lado, no "muro da separação", construção de Israel que passa ao redor e por dentro dos Territórios Palestinos Ocupados. Lilian percebeu que quebrou expectativas de quem a acompanha.

Ao som de "Us and Them", da banda Pink Floyd, ela relata que o artista ouviu de palestinos e israelenses que eram odiados, mas não odiavam aos outros. "Cada lado diz que, na verdade, o inferno são os outros. Mas em uma guerra complexa, que se mantém há décadas, quem sofre são pessoas inocentes com atitudes de grupos extremistas. Para mim isso mostra como essa guerra é uma estratégia política, de governo.", diz, no vídeo.

Formada em moda em 2014 pela Estácio de Sá, a criadora também cursou cinco períodos de Artes Visuais na UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) até 2017. Apesar de ser possível viver do seu trabalho nas redes, Lilian é também gerente de conteúdo na Soko, agência independente de publicidade.

"Percebi que viver apenas do trabalho nas redes me deixava preocupada com o que eu estava falando e como esse conteúdo ia repercutir. Parei de curtir o processo, então preferi ter um trabalho paralelo para garantir minha fonte de renda e manter nas redes o lugar em que posso falar de coração aberto sobre aquilo que acredito", diz.

Apesar da formação, ela se afasta da criação de conteúdo voltado ao mundo da moda, em que a falta de diversidade e oportunidades a incomodam. Lilian vê muita dificuldade na indústria em trazer abordagens críticas e com profundidade para além do consumo.

"Quero encontrar um formato que nos faça enxergar também o potencial da moda enquanto uma expressão que une pessoas, porque a moda é a arte que faz eu te conhecer antes mesmo de você falar", diz.

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