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Os bastidores do jornalismo nas periferias de SP

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Auxílio Brasil

Nas periferias, 2021 termina com misto de esperança e incerteza

Um pequeno balanço deste ano sobre as quebradas e os desafios de 2022

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Paulo Talarico
Osasco (SP) | Agência Mural

Quando o ano começou, a falta de oxigênio em hospitais de Manaus já era um alerta dos meses difíceis que passaríamos em todo o Brasil. Era um momento em que as periferias seguiam sem diversas respostas sobre os impactos que a pandemia ainda causaria.

Apesar disso, na reta final de 2021, um misto de preocupação e esperança é a sensação que fica para 2022.

A esperança está representada pelo avanço da vacinação e do quanto as perdas para a Covid-19 caíram ao longo do ano. Algo que era difícil de ter certeza em janeiro, quando a imunização começou na Grande São Paulo, em meio às mentiras espalhadas contra as vacinas que circulavam (e ainda circulam).

Ação no aniversário de 100 anos de Paraisópolis (Rivaldo Gomes/Folhapress) - Folhapress

Em abril, vivemos o pior momento da pandemia, chegando à marca de 400 mil mortes pela Covid-19, uma tragédia que acaba com vidas, conexão e acolhimento nas periferias. Na Grande São Paulo, foram quase 10 mil vítimas em apenas um mês.

Quando lembramos de todo esse cenário hoje, chegamos a pensar que é coisa do passado, embora não seja. O medo do quanto uma nova variante pode influenciar 2022 nas periferias, onde a doença causou mais perdas, é um alerta que segue.

O relaxamento das medidas foi natural após tanto tempo, embora em muitos bairros das bordas da cidade esses planos de isolamento não passaram de ficção, por conta da necessidade de conseguir comida e pagar as contas. Muitas periferias não pararam, por necessidade, e falta de condição.

Também não pararam as redes de solidariedade que ajudaram as famílias a conseguir doações (embora em muitos momentos, lideranças comunitárias tenham apontado a redução dessa ajuda apesar das dificuldades).

É o que pega na segunda parte, de incertezas, de como as periferias entram em 2022. A expectativa de melhora depois de dois anos complicados é grande, mas esbarra no impacto de toda a crise vivida recentemente.

Em 2021, a política de apoio às pessoas que precisavam de renda para sobreviver enquanto era necessário ficar em casa, o auxílio emergencial, foi suspenso entre janeiro e março. Foram meses de incerteza até a retomada em março com um valor até 70% menor, enquanto as mortes e os riscos da pandemia cresciam.

O valor não foi o suficiente para famílias que já não conseguiam comprar o botijão de gás e usavam lenha para cozinhar em favelas da região metropolitana. Isso antes do meio do ano - mas os preços desde então só aumentaram - alguns auxílios como o vale gás deram uma ajuda, mas os problemas seguiram.

Essas dificuldades levaram ao aumento das favelas e ocupações na cidade de São Paulo, por conta da dificuldade de pagar o aluguel. Locais que, além da incerteza da moradia, são espaços sem saneamento básico, o que pode ocasionar outras doenças.

Para completar, o fim do Bolsa Família causou apreensão em famílias que agora passam a receber o Auxílio Brasil, programa que por enquanto está previsto para funcionar apenas até o final de 2022 com novo nome, o Auxílio Brasil.

É assim que chegamos ao próximo ano, com diversas dúvidas sobre a manutenção de direitos, como as cotas das universidades, o ProUni e outros programas sociais. Aparentemente, as pequenas conquistas ainda não se consolidaram.

No final do ano passado, Vagner de Alencar escreveu por aqui que em 2021 era necessário ouvir mais as periferias. O diagnóstico é o mesmo com peso extra: o fato de ser um ano eleitoral, termos diversos direitos em jogo, enquanto explicar a importância da democracia ainda é um desafio para quem se acostumou a sobreviver sem apoio.

*O blog dá uma pausa e voltamos em janeiro.

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