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O Mundo É uma Bola - Luís Curro
Luís Curro

90 segundos do brilho de Rodrygo incapacitam checagem da Uefa

Entidade pródiga em exibir estatísticas não sabe se brasileiro é recordista de gols no menor intervalo de tempo na Champions

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De forma surpreendente, devido à grandeza do feito, pouquíssimos veículos de comunicação reportaram de quanto foi o intervalo de tempo entre o primeiro e o segundo gol de Rodrygo em Real Madrid x Manchester City, pela Champions League.

Gols, no finalzinho da segunda etapa no estádio Santiago Bernabéu, que serão lembrados eternamente porque permitiram ao supercampeão Real (13 títulos), inoperante até então, virar a partida semifinal e levá-la para a prorrogação.

Nela, o gigante espanhol marcou mais uma vez (Benzema, de pênalti) e consolidou a eliminação do Man City de Pep Guardiola, que teve o jogo sob controle a maior parte do tempo.

Rodrygo, o ex-santista apelidado de Rayo (o "y" remete à grafia do nome do atacante, que tem essa letra em vez do tradicional "i"), fez o inacreditável em exatos 90 segundos.

Aos 44 minutos e 20 segundos, antecipou-se ao português Rubén Dias e desviou com o pé direito o toque de Benzema que veio quase da linha de fundo, depois de lançamento de Camavinga.

Aos 45 minutos e 50 segundos, novamente levou vantagem sobre Dias ao cabecear para o gol defendido por Ederson um cruzamento de Carvajal que teve antes o desvio de Marco Asensio.

Rodrygo foi nesse jogo um predestinado.

Um minuto e meio levaram ao papel de salvador da pátria merengue o jovem de 21 anos, vestido com a camisa 21, que entrara em campo aos 23 minutos do segundo tempo e que até essas duas finalizações certeiras fizera quase nada, perdido que esteve tanto quanto os demais colegas de Real.

Esses 90 segundos, que serão lembrados por toda a carreira de Rodrygo, desnortearam não só a todos que acompanhavam a semifinal, fosse no estádio, fosse pela TV, fosse pelo rádio, fosse pela internet.

A própria Uefa, que organiza a Champions League e que despeja com fartura em seu site informações estatísticas (muitas interessante e curiosas) a cada rodada e a cada jogo, desnorteou-se.

A ponto de ficar incapacitada para responder a uma questão instigante: o intervalo entre os gols, feitos por um mesmo jogador (no caso, Rodrygo), foi o mais curto na história da competição?

Rodrygo desliza de joelhos no estádio Santiago Bernabéu depois de fazer seu segundo gol na vitória sobre o Manchester City no jogo de volta de semifinal da Champions League
Rodrygo desliza de joelhos no estádio Santiago Bernabéu depois de fazer seu segundo gol na vitória sobre o Manchester City no jogo de volta de semifinal da Champions League - Isabel Infantes - 4.mai.2022/Reuters

Foi o que eu questionei à entidade, acerca desses 90 segundos. A resposta foi esta, em um tom de inoperância/incapacidade: "Verificamos internamente com os departamentos relevantes sobre sua consulta. Não temos essa estatística".

Talvez os tais "departamentos relevantes" da Uefa –é necessário haver mais de um para cuidar de estatísticas?– um dia consigam, se fizerem uma checagem aprofundada, obter a resposta.

Sem ela, o que se pode dizer é que os gols de Rodrygo não foram os que ocorreram no menor intervalo em um jogo de futebol.

Há pelo menos dois casos nos últimos anos, ambos na América do Norte, em que o mesmo jogador fez dois gols em um hiato inferior a 90 segundos.

Em julho de 2015, o espanhol Victor Blasco, do Vancouver B, marcou aos 43 minutos e aos 44 minutos do segundo tempo na vitória sobre o Seattle B na United Soccer League, uma espécie de segunda divisão da Major League Soccer (MLS). Houve o espaço de 1 minuto e 18 segundos entre os tentos.

Em agosto de 2020, o americano Jordan Morris foi ainda mais rápido, registrando seus gols em menos de um minuto. Ele levou 58 segundos para balançar duas vezes as redes no 3 a 1 do Seattle no Los Angeles FC na MLS, atesta Jeremiah Oshan no blog Sounder at Heart.

Isso relatado, é bem possível que os gols de Rodrygo tenham sido os em menor intervalo considerando-se uma partida de tamanha importância: uma semifinal de Liga dos Campeões da Europa.

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