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O Mundo É uma Bola - Luís Curro
Luís Curro
Descrição de chapéu Futebol Internacional África

Avião tem falta de oxigênio, e seleção da Gâmbia aborta viagem para Copa africana

Alguns jogadores perderam a consciência no voo com destino à Costa do Marfim, sede da competição entre países

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A delegação da Gâmbia que viajava à Costa do Marfim nesta quarta-feira (10) para a disputa da Copa Africana de Nações enfrentou uma situação que poderia ter terminado em tragédia.

Houve uma falha no sistema de oxigenação do avião depois da decolagem, e jogadores, sem poder respirar adequadamente, chegaram a perder a consciência antes de o piloto decidir regressar à pista de onde a aeronave partiu, em Banjul, a capital gambiana, para uma aterrissagem de emergência.

Segundo o belga Tom Saintfiet, técnico da Gâmbia, todos escaparam da morte por pouco.

"Estávamos sendo envenenados por monóxido de carbono", afirmou à emissora VRT, de seu país. "Alguns jogadores não acordaram imediatamente após o pouso."

"Momentos de minha vida passaram pela minha cabeça, pensei que estava morrendo", disse Saintfiet, dessa vez à ESPN. "Estou pronto para morrer pela Gâmbia, mas no campo de futebol, não fora dele."

Jogadores da seleção da Gâmbia sentados em avião que apresentou falta de oxigênio em viagem para a Costa do Marfim
Jogadores da seleção da Gâmbia em avião que apresentou falha na circulação de oxigênio em viagem para a Costa do Marfim - 10.jan.2024/@TheGambiaFF no X

O tempo de uma viagem aérea sem escalas da Gâmbia à Costa do Marfim, que ficam no oeste da África, é de duas horas e meia a três horas. De acordo com Saintfiet, o piloto levou nove minutos para tomar a decisão de regressar ao ponto inicial.

Em rede social, o lateral direito Saidy Janko, 28, que joga no Young Boys (Suíça), deu seu relato do sufocante episódio.

"Assim que entramos no pequeno avião, percebemos um calor intenso, que nos deixou pingando devido ao suor. A tripulação disse que o ar condicionado funcionaria quando estivéssemos no ar. O calor desumano misturado à falta de oxigênio deixou as pessoas com dores de cabeça e tonturas, e começaram a ficar desacordadas após a decolagem."

A seleção viajava em um avião fretado de 50 lugares, da companhia Air Cote d'Ivoire, providenciado pela Associação de Futebol da Gâmbia (AFG).

"As investigações preliminares indicam perda de pressão e oxigênio" no avião, escreveu a AFG em comunicado, mencionando informações da empresa aérea de Abidjan (a maior cidade marfinense), "que investiga o que causou a falta de oxigênio e pressão".

Depois do susto, Saintfiet declarou que se cogitou a possibilidade de a equipe desistir de disputar a Copa africana.

"Temos famílias, temos filhos, mas nos colocaram no avião mais barato possível. Voaremos em um avião de verdade, não em um como esse", afirmou o técnico.

Saintfiet disse que dirigentes da AFG sugeriram que o time fizesse nova tentativa de viajar para Yamoussoukro, capital marfinense e local do primeiro jogo da Gâmbia na Copa africana, no mesmo avião, depois de reparos.

A proposta foi rechaçada pelos Escorpiões (apelido da seleção gambiana). "Se é assim, vamos para casa, nada de Copa", sentenciou o treinador de 50 anos, que comanda o time desde 2018.

Diante da negativa, a federação se mexeu e providenciou uma outra aeronave, também da Air Cote d'Ivoire, porém com maior capacidade de passageiros (um Air Bus 319).

A medida satisfez a delegação, que aceitou embarcar novamente nesta quinta-feira (11). A viagem foi completada com sucesso, sem o ar faltar para ninguém.

A estreia na Copa será contra o Senegal, o atual campeão, na segunda-feira (15). Os outros oponentes da Gâmbia, que disputa a competição apenas pela segunda vez (a primeira foi em 2021) e é azarão na fase de grupos, são Guiné e Camarões.

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