O Mundo É uma Bola

O Mundo É uma Bola - Luís Curro
Luís Curro
Descrição de chapéu Futebol Internacional

Quanto 'entregam' hoje os jogadores de 100 milhões de libras?

São nove os que custaram esse valor, entre eles dois brasileiros, mas o rendimento atual da maioria varia do pífio ao medíocre

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Da esquerda para a direita, a partir de cima, no sentido horário, os rostos dos jogadores que custaram 100 milhões de libras ou mais: Neymar, Mbappé, Philippe Coutinho, João Félix, Caicedo, Rice, Grealish, Enzo Fernández e Griezmann
Da esquerda para a direita, a partir de cima, no sentido horário, os jogadores que custaram 100 milhões de libras ou mais: Neymar, Mbappé, Philippe Coutinho, João Félix, Caicedo, Rice, Grealish, Enzo Fernández e Griezmann - Reuters, AFP e Xinhua

Ao longo da história do futebol, houve milhares de transações de jogadores. Dessas, nem uma dezena bateu a marca dos 100 milhões de libras, uma das moedas mais valorizadas do mundo –mais que o dólar, mais que o euro.

Nove atletas custaram a alguém, em algum momento, esse preço, entre eles dois brasileiros, o atacante Neymar e o meia-atacante Philippe Coutinho.

Há na lista, além deles, dois franceses (os atacantes Griezmann e Mbappé), dois ingleses (o atacante Grealish e o volante Rice), um português (o atacante João Félix), um argentino (o volante Enzo Fernández) e um equatoriano (o volante Caicedo).

Desses, cinco estão no clube que pagou a exorbitante quantia e quatro (Neymar, Philippe Coutinho, Griezmann e João Félix) se transferiram para outro –um deles, o português, por empréstimo.

  • Neymar (Brasil) - 198 milhões de libras. Do Barcelona para o PSG (2017). Atual time: Al-Hilal (Arábia Saudita)
  • Kylian Mbappé (França) - 163 milhões de libras. Do Monaco para o PSG (2017). Atual time: PSG
  • João Félix (Portugal) - 113 milhões de libras. Do Benfica para o Atlético de Madrid (2019). Atual time: Barcelona
  • Antoine Griezmann (França) - 107 milhões de libras. Do Atlético de Madrid para o Barcelona (2019). Atual time: Atlético de Madrid
  • Enzo Fernández (Argentina) - 107 milhões de libras. Do Benfica para o Chelsea (2023). Atual time: Chelsea
  • Philippe Coutinho (Brasil) - 105 milhões de libras. Do Liverpool para o Barcelona (2018). Atual time: Al-Duhail (Qatar)
  • Jack Grealish (Inglaterra) - 100 milhões de libras. Do Aston Villa para o Manchester City (2021). Atual time: Manchester City
  • Declan Rice (Inglaterra) - 100 milhões de libras. Do West Ham para o Arsenal (2023). Atual time: Arsenal
  • Moisés Caicedo (Equador) - 100 milhões de libras. Do Brighton para o Chelsea (2023). Atual time: Chelsea

Oito dos nove ainda defendem suas respectivas seleções, tendo aparecido em convocações recentes. Só Philippe Coutinho saiu, faz mais de um ano, do radar da brasileira.

Por que isso aconteceu com o ex-vascaíno e ex-ídolo do Liverpool? Simples: ele deixou de "entregar", ou seja, de render, seja por não conseguir jogar devido a lesões, seja por, ao jogar, desempenhar abaixo do desejado.

No rol dos demais futebolistas de 100 milhões de libras (R$ 628 milhões no câmbio atual), pode-se afirmar que nenhum está totalmente bem neste começo de 2024, indo aquém das expectativas individualmente ou coletivamente, em doses maiores ou menores.

Até mesmo Mbappé, 25, pelo qual o Paris Saint-Germain pagou 163 milhões de libras em 2018 para tirá-lo do Monaco, e que continua jogando no mais alto nível, vive situação conturbada, em vias de deixar o time francês.

Sem conseguir triunfar internacionalmente no PSG, Mbappé almeja vestir a partir do meio do ano outra camisa, preferencialmente a do Real Madrid. Nível atual de "entrega": bom, mas insuficiente.

Mbappé, do PSG, com os olhos fechados em partida do time, sob chuva, em Paris
Campeão mundial em 2018 e vice em 2022 com a França, Mbappé deve sair do Paris Saint-Germain no meio deste ano - Benoit Tessier - 25.fev.2024/Reuters

O outro da relação que merece consideração é Rice, 25, com boas exibições pelo Arsenal, que desembolsou 100 milhões de libras pelo atleta do também londrino West Ham até o ano passado.

O problema é que os Gunners são uma equipe pouco confiável, que costuma amarelar na hora H (ficou pelo caminho nas duas Copas nacionais), e o volante corre risco alto de fracassar nos campeonatos que ainda disputa (Premier League e Champions League). Nível atual de "entrega": bom, mas insuficiente.

Compatriota de Rice, Grealish, 28, não tem quase entrado em campo neste ano pelo supercampeão Manchester City de Pep Guardiola.

Ou lesões na virilha não o deixam jogar ou a concorrência interna de um atleta menos caro, o belga Doku, mais rápido e objetivo. Grealish, ex-Aston Villa, que adora prender a bola, custou 100 milhões de libras em 2021. Nível atual de "entrega": ruim.

Quem tem histórico, como Grealish, de segurar demais a redonda –e dessa forma torna-se alvo constante de pancadas de adversários– é Neymar, o mais caro entre os citados neste texto. O PSG pagou em 2017 198 milhões de libras, e o brasileiro saiu do Barcelona.

Neymar, 32, ficou na França por seis anos, vivenciando frustrações seguidas na Champions League – perdendo inclusive uma final, em 2020– e amargando contusão após contusão. A mais recente, no joelho, data de outubro, e ele, ainda em recuperação, pouco pôde jogar por seu novo clube, o Al-Hilal. Nível atual de "entrega": nenhum.

Usando camisa vermelha e apontando para a frente com o braço direito, Philippe Coutinho fala algo em partida do Al-Duhail, do Qatar, na Champions League asiática
Philippe Coutinho, ex-Liverpool, Barcelona, Bayern de Munique e Aston Villa, em partida do Al-Duhail, do Qatar, na Champions League asiática - Karim Jaafar - 2.out.2023/AFP

Philippe Coutinho, 31, titular do Brasil na Copa do Mundo de 2018, está como Neymar no mundo árabe, no Al-Duhail, sexto colocado no Campeonato Qatariano.

Depois que saiu do Liverpool em 2018, por 105 milhões de libras pagas pelo Barcelona, ele não mais teve atuações constantes de primeira linha, seja na Espanha, na Alemanha (Bayern de Munique) ou na Inglaterra (Aston Villa). Este último clube o emprestou ao Al-Duhail, onde tem tido atuações medíocres. Nível atual de "entrega": ruim.

João Félix, 24, que quando surgiu chegou a ser aclamado como "o novo Cristiano Ronaldo", está no Barcelona, emprestado pelo Atlético de Madrid, clube que pagou 113 milhões de libras em 2019 para ter o atacante que se destacava no Benfica.

Jamais, porém, "entregou" o que se esperava em três anos e meio na capital espanhola. Passou por Londres (Chelsea) quase despercebido na temporada passada e prossegue da mesma forma na Catalunha, sem uma sequência de atuações sólidas. Nível atual de "entrega": ruim.

O Atlético de Madrid descartou temporariamente João Félix e resgatou Griezmann do Barcelona, rival com o qual negociou o campeão mundial na Rússia-2018 (junto com Mbappé) por 107 milhões de libras em 2019.

O atacante não emplacou em duas temporadas no Barça –não foi mal, mas não foi bem, o que deixou gosto de decepção– e tenta desde 2021 reencontrar o brilho de outrora. Tem tido lampejos, porém nada de títulos. Contundido, viu de longe o Atlético levar de 3 a 0 do Athletic Bilbao na semifinal da Copa do Rei nesta quinta-feira (29). Nível atual de "entrega": regular e insuficiente.

Por fim, restam os dois volantes sul-americanos que o Chelsea contratou em 2023, pagando 107 milhões de libras por um e 100 milhões de libras por outro.

O mais caro, Enzo Fernández, 23, campeão com a Argentina na Copa do Mundo de 2022, não tem sido aquele jogador que encantava no River Plate, com ótima marcação e chegada na área para fazer gols, nem o dono do meio-campo, como no Benfica.

Caicedo, 22, tem pulmões privilegiados. Corre muito, mas produz perto de nada ofensivamente (zero gol, uma assistência na temporada) e defensivamente comete faltas em excesso (algumas violentas), que lhe rendem constantes cartões amarelos (9 em 33 jogos).

Com a dupla, o Chelsea perdeu a decisão da Copa da Liga Inglesa no domingo passado para um Liverpool repleto de desfalques e amarga a decepcionante 11ª posição no Campeonato Inglês, a 25 pontos da liderança.

Bem menos caro, o par de volantes anterior dos Blues (Kanté e Kovacic) parecia superior. Nível atual de "entrega" dos dois: medíocre (Enzo) e ruim (Caicedo).

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